02/02/2025, 0:00 h
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OPINIÃO
Por Joaquim António Leal
Z. começa por exibir uma cara feia ao adversário, ao que este contrapõe uma horrível carranca de bruxa. Alternam-se nesta troca de esgares, quase sempre mais cómicos que tenebrosos, mas nenhum leva a melhor, pelo que, aos poucos, vão evoluindo para o nível acima. E é com uma batalha de palavras que P. inicia as novas hostilidades, garantindo a Z. que o sepulta ali mesmo, sem glória ou honras. Contudo, Z, sempre tão resoluto como arrogante, promete-lhe uma chuva de drones sobre a cabeça, tornando-o irreconhecível para o funeral.
Quando o empate se afigura como o único desenlace lógico para a contenda, os dois iniciam uma espécie de jogo da macaca, saltitando, colocando os pés, ora de um lado ora do outro lado da linha divisória, vacilando em qual dos dois lados se fixar.
Ao mesmo tempo, aproximam-se os soldados dos dois países, ocupando cada um o território que julgam pertencer-lhes, não por estarem ansiosos por intervir, porque isso poderia tornar-se perigoso, antes curiosos pelo resultado da disputa entre os dois galifões.
Por alguns momentos, os litigantes suspendem as atividades, magicam sobre a forma mais eficaz de se fazerem impor. O ambiente é tenso, os exércitos medem-se mutuamente, calculam as hipóteses de vencerem ou de salvarem o coirão.
P. e Z. já pensam na escolha de armas para o duelo, um tiro de pistola contados trinta passos ou uma luta de esgrima até à morte. Contudo, alguém não pretende chegar pessoalmente a vias de facto, e antes que P. tenha hipóteses de propor seja o que for, já Z. se antecipa, avançando em território alheio a executar uma série de ações pretensamente cómicas, pulos de canguru e guinchos de macacos, iniciando logo de seguida uma correria desvairada em direção ao exército de P., e gritando: “este território agora é todo meu”. Atónito e momentaneamente mudo, P. compreende como de uma maneira absolutamente imprevisível Z. acaba de conquistar o seu extenso país.
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