Por
Gazeta Paços de Ferreira

21/01/2021, 15:54 h

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Tomar Partido é um Direito Conquistado em Abril

Ao ler uma recente prosa sobre eleições presidenciais, dei comigo constatando que há um grave retrocesso civilizacional e democrático na sociedade portuguesa.

Diz liminarmente o seu autor que os debates foram um (cito) “espectáculo muito pernicioso para a democracia” pois houve “horas de verbo fácil”, de “confrontos ideológicos, troca de argumentários para os mesmos diagnósticos, esperanças criadas”, etc.

Revi anteriores debates em anteriores campanhas e não só, e não vi com este sentido que então era melhor. Eanes/Soares Carneiro (1980), Soares/Freitas do Amaral (1986) ou Soares /Cunhal (1975) tiveram debates ideológicos fortes, que nunca foram “perniciosos” embora se possa deles não ter gostado.

Essa opinião transporta em si talvez inadvertidamente o velho chavão salazarista, de que a unanimidade é virtuosa e benfazeja.

Descontando a denúncia de “insultos e caceteirada inapropriada” que com o autor subscrevo (com a diferença de que identifico no “chegano” o único protagonista, sem falsas equidistâncias entre vitimas e agressor), tudo o resto é um arrazoado populista sobre orientações ideológicas e o cargo unipessoal de Presidente da República.

Este, não é, nunca será, nem pode ser, um individuo “desideologizado”, neutro, “marca branca”, apolítico, “independente” de estatuto, ou condição. E muito menos como candidato.

Marcelo Rebelo de Sousa é e continuará a ser militante do PSD, sendo irrelevante se no ativo ou com ideologia suspensa. A sua maior ou menor abrangência popular resultou ou resultará sempre da sua intervenção no exercício do cargo.

Mário Soares, Jorge Sampaio, e Cavaco Silva transportaram consigo experiências partidárias muito significativas, nunca deixando de ter uma marca de identidade. Porquê então querer que seja diferente agora?

Ser de fação, tomar Partido, não é uma excrescência constitucional, antes é um direito. Conquistado em muitas dezenas de anos e alcançado em Abril de 1974. Ser “independente” é assim uma prerrogativa, nunca uma “mais valia” ou privilégio

Cristiano Ribeiro, Dirigente do PCPR

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