27/01/2021, 10:51 h
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Esta semana jogou-se a Supertaça espanhola, esta edição, ao contrário do habitual, num sistema de meias-finais e final. A grande surpresa foi logo a eliminação do Real Madrid aos pés do Athletic Bilbao, que na final viria a ganhar ao Barcelona e a levantar o troféu.
A vitória dos bascos fez com que, uma vez mais, se olhasse para o exemplo que dão. Não apenas pelos 35 títulos do seu palmarés (8 campeonatos, 23 taças, 3 supertaças), mas pela capacidade de conjugarem a conquista de títulos ao projecto em si.
No Athletic Bilbao só jogam bascos – ou seja, todos aqueles que nasceram no País Basco e Navarra, e no País Basco francês, todos os filhos de bascos, ou todos aqueles que mesmo nascendo fora do País Basco tenham vivido em Euskadi desde tenra idade e tenham feito o seu percurso desportivo nas escolas do Athletic.
Há mais de 100 anos que o Athletic Bilbao tem esta identidade. Mesmo na hora de contratar, os critérios são estes. Logo, a base é a formação.
Ainda assim, consegue ser o terceiro clube com mais títulos em Espanha logo atrás do Real Madrid e Barcelona.
Nestes dois jogos da supertaça levou a jogo 18 jogadores formados no clube, mais do que qualquer outra equipa da La Liga, e derrotou o Real Madrid e o Barcelona, erguendo o caneco.
No final, a festa ainda teve mais colorido, com os jogadores a cantarem o hino do clube em coro e de trompete.
Em tempos em que o futebol tanto tem perdido do ponto de vista das raízes, daquilo que é a sua história e cultura, do que fizeram os sócios ao longo dos anos, com criação de SADs, com entrada de investidores, com perda de identidade, fica este brilhante exemplo.
O Athletic é tudo aquilo que eu acho que pode haver no futebol: os clubes continuarem e melhorarem a sua história, sem pressa, sem investidores, sem desconhecidos, sem bandidos que tomam conta do clube e vão embora defraudando a sua imagem e sem consequências, mas com a capacidade de trabalho e de sacrifício de todos aqueles que se revêm e gostam da sua equipa e fazem tudo por ela. A aposta nos jogadores da formação, um projecto de anos e a conquista de títulos são a cereja no topo do bolo.
É este o meu futebol.
Juvenal Brandão
Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV)
Licenciado em Gestão de Desporto
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