Nova Época, Velhos Hábitos

"A questão dos duelos a meio-campo é que o Matheus Nunes e o Palhinha fizeram um jogo extraordinário, mérito deles. Tiveram um papel fundamental na vitória do Sporting."

Esta afirmação é de Carlos Carvalhal, após a derrota do seu SC Braga contra o Sporting, na Supertaça.

Simples, direto e honesto. Fez o que pôde para vencer, mas o adversário foi melhor. Tão fácil, mas tão poucas vezes visto.

Carlos Carvalhal é uma lufada de ar fresco. Não custa admitir que o adversário foi melhor, mas é mais fácil encontrar desculpas nas más condições do terreno de jogo; na falta de tempo de preparação ou na fraca prestação do árbitro.

Carlos Carvalhal – que não é nenhum santo e também tem os seus dias maus -, dá preferência à discussão de futebol, do jogo jogado.

José Mourinho também é da opinião de que, em Portugal, se fala pouco do que realmente interessa. O melhor treinador português de sempre disse o seguinte: “Em Portugal tu dizes dos árbitros aquilo que queres, antes do jogo, durante o jogo e depois do jogo e és punido com multas de risada total. A impunidade é total. Obviamente que somos um País que deve gostar disto, porque o tipo de programa que existe em Portugal e em simultâneo em 3, 4, 5 canais diferentes e que se repetem de segunda a domingo e que sobrevivem é porque a nossa malta gosta disto. Portanto, se calhar temos o futebol que queremos ter."

Não há muito a acrescentar.

Sou da opinião que os media podem e devem fazer mais pelo futebol, mas sou obrigado a compreender que um negócio deve dar lucro e o lucro só existe se houver aderência por parte do público.

A nova época já começou e as mudanças são nulas. A mudança no futebol depende de quem o vê. Os meios de comunicação limitam-se a responder às necessidades do espetador.

O treinador até pode querer explicar porque razão jogou de determinada maneira e o que procurou com determinada substituição, o jornalista também pode fazer esse tipo de questões, mas se o público quer ouvir que o seu clube foi prejudicado é isso que vai procurar.

Pedro Queirós

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