28/11/2020, 14:01 h
54
Estou no olho do furacão pandémico. No ativo como profissional médico na Saúde, em Unidade Funcional dos Cuidados de Saúde Primários, em zona de forte incidência da infecção (o concelho de Penafiel). A fazer vigilância clinica por telefone dos casos COVID positivos da minha lista de utentes … e são dezenas. Ao fim de semana em casa e nos dias de semana no local de trabalho e em casa. A fazer consultas presenciais diárias, respondendo a dezenas de solicitações. Ao sábado de manhã respondo a necessidades de prescrição medicamentosa na “minha” Junta de Freguesia de Parada de Todeia (Paredes). Outros, muitos, me acompanham com a mesma ou superior dedicação e entusiasmo. E também, em alguns momentos, com a mesma angústia. Risco de aí estar, de adoecer e não poder ajudar.
Estou no olho do furacão pandémico. Que se prolonga há demasiado tempo e não abranda, antes pelo contrário. E faço propostas para conter, mitigar esse mesmo furacão. Mais do que notícias alarmistas, divulgação de estados de alma depressivos, importa saber estar. Mantendo o essencial da assistência. Mobilizando outros sectores para ajuda. Redistribuindo tarefas e responsabilidades. Por cima das rígidas e imobilistas leis e regulamentos. Por cima dos corporativismos.
Sabe bem ouvir dizer que o Agrupamento de Centros de Saúde a que pertenço tem dado uma resposta superior á pandemia, no contexto nacional. Sabe bem ouvir dizer que a USF a que pertenço tem sido modelar nessa resposta, mesmo no contexto nacional. Sabe bem ouvir dizer que tenho tido um comportamento de destaque nessa resposta. No olho do furacão pandémico, onde não se tem tempo para fotografias com equipamentos de protecção, nem filmes com incongruências e com denúncias inúteis, só pode haver solidariedade e compromisso. Amanhã se verá se chega.
CRISTIANO RIBEIRO, Médico, Dirigente do PCP.
Assine e divulgue Gazeta de Paços de Ferreira
Com acesso gratuito à edição electrónica
Opinião
17/08/2025
Opinião
13/08/2025
Opinião
11/08/2025
Opinião
10/08/2025