Por
Gazeta Paços de Ferreira

07/03/2021, 1:00 h

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NA BUSCA DA ESPIRITUALIDADE

O nosso cérebro é o orgão mais complexo de todos os animais que habitam este maravilhoso planeta azul pleno de vida diversa. Todos os animais têm de lutar para se manterem vivos, e essa luta compreende três vertentes: 1) – luta para conseguir comida; 2) – luta pelo poder de comando do grupo; 3) – luta pela conquista de fêmea para garantir a reprodução da espécie. 

Os Seres Humanos cumprem todas estas três “lutas naturais” e acrescentam-lhes mais algumas. Enquanto que os chamados animais irracionais, no cumprimento da primeira vertente de lutador e de predador, matam para comer, mas quando saciados não perseguem a presa, o Homem mata o seu semelhante mesmo depois de um lauto banquete, quer seja numa estúpida guerra ou na disputa por um rego de água ou por uma mulher. 

Para além destas vertentes dramáticas que terminam na pior das acções que o Homem pode praticar (o homicídio), há os infindáveis conflitos de interesses alimentados no dia-a-dia que, sendo pacíficos na sua maioria, não deixam de incomodar aqueles que se sentem atingidos quando vêem as suas ideias postas em causa por quem as tem diversas das suas. E aqui entra em cena este escriba da Gazeta com os seus arrazoados de ateu que, eventualmente, poderão indispor quem pensa de modo diverso. 

Há dias, falando com um amigo, relativamente ao teor dos meus textos dizia ele que “não vale a pena difundir opinião diversa da dos religiosos numa sociedade profundamente religiosa” (!?). Compreendi-o enquanto pacifista colocado num dos lados da questão, mas sem abertura à sua totalidade!… Não se pode aceitar o calar de uma opinião só porque “não vale a pena”, nem numa ditadura, quanto mais numa democracia! Vale sempre a pena dizermos o que pensamos quando o nosso pensamento tem a ver com a sociedade (mas nunca com os gostos do vizinho). É para isso que serve a Democracia. A discussão de ideias enriquece-nos porque sempre aprendemos algo ouvindo o outro. Também há quem não queira ouvir o outro, porque “já sabe, exactamente, o que Deus quer que ele faça”! É este “saber” que constrói fundamentalistas e alguns até são criminosos. 

A “busca da espiritualidade” é tarefa de religiosos e ateus. O Homo sapiens é um ser espiritual mercê do complexo cérebro que possui. Todos somos comandados pela espiritualidade que nos dá a Fé, mas também a Razão, e nos abre caminhos para a concórdia… mas também para a discórdia e para o perigo de criar conflitos. Numa sociedade saudável os conflitos resolvem-se com a palavra. No campo da espiritualidade já nos confrontamos mortalmente nas Cruzadas… e os extremistas ainda hoje matam em nome de Deus. Retirando os actos maléficos da Fé, tudo quanto sobra dela é positivo. 

E também é positivo dizeres-me que não pensas como eu. Di-lo em voz alta para que todos te ouçam bem, em vez de te calares e viveres mal com o teu silêncio. Vale sempre a pena afirmarmos o nosso pensamento. O nosso espírito é a nossa consciência… e estar de bem com ela é fonte de prazer e alimento da fraternidade. Por isso, FALA. Defende a tua fé, ou a falta dela!… Mas nunca permitas que te calem. (O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico

Onofre Varela

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