03/05/2021, 13:56 h
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Creio que Maria não se basta num mês, diria antes que nem todos os dias chegariam para agradecer, louvar e pedir. Diria mais, que Maria nos é tão necessária como o coração, essa máquina que queremos cheia de força e vigor para sustentar a vida, que desejamos seja longa e saudável. E já agora, as flores, que na simplicidade revelam a beleza, e a essência perfumada, de uma natureza perfeita.
Não foi em vão que Jesus no alto da cruz confiou Maria Sua Mãe ao discípulo amado (João), e por ele a toda a humanidade, ganhamos assim uma Mãe, que não é apenas de umas horas de aflição, ou desespero, mas de todos os dias e momentos. É por isso que tantos e tantas de nós rezamos o terço, forma simples e metódica de nos lembrar que Maria é “bendita entre as mulheres”, a quem nós rogamos pelos nossos pecados, agora e na hora derradeira em que o coração dará a sua última batida. É também, certamente, pelas suas graças que tantos caminham até ao altar em Fátima, caminho este, que não é mais do que o espelho do sacrifício feito ao longo da vida, com momentos de desalento e entusiasmo, mas sempre na busca da meta, da chegada ao altar de Maria. E quem já fez esse caminho de peregrino sabe bem do que se trata, e da certeza que o caminho até Fátima não é só o cumprimento de uma promessa, mas a vivência de uma vida inteira, que vemos passar em alguns dias de caminho como se aí coubesse a vida a toda, de sacrifícios e vitórias, por mais uma etapa vencida. E ao chegar as lágrimas já não são de dor, mas de felicidade porque no caminho feito encontramos o mais íntimo de cada um de nós e que serenamente entregamos a Maria, sabendo que ela como Mãe nos acolhe como o melhor de seus filhos.
Sabemos todos o valor de uma mãe, talvez por isso 90% dos hospitalizados chamem pela mãe nas horas de dor e constrangimento da doença. Não são as Mãe que perdem horas de sono e são capazes de tirar da sua boca para alimentar seus filhos, num colo tantas vezes fatigado pelo trabalho, e pela dureza injusta da vida. Não são elas que abdicam da sua vida para dar vida aos seus progenitores, talvez por estas e muitas outras razões me levem a concluir que um dia, um mês um ano e uma vida não são suficientes para tão grande entrega. Não esqueço, contudo, todas as mulheres que gostariam de ter sido mães, mas a vida, ou a natureza não permitiram, talvez o sejam com mais verdade que muitas que deram à luz, e por isso se multipliquem em gestos de amor com os mais débeis, que não encontraram no mundo quem materializasse esse carinho maternal tão necessário a um crescimento saudável.
E sim, é no coração que moram aquelas que o Pai já chamou a si e que nós tantas vezes recordamos com o rosto entristecido porque não achamos justo que nos tirem aquela que nos deu tudo, talvez aqui resida também um dos nossos maiores enganos, nem as que já partiram deixam de ser nossas, nem nós perdemos o que que nunca nos foi tirado, e diria mesmo que se as perdemos fisicamente, não é menos verdade, que as ganhamos numa presença permanente, não só no pensamento, como presença espiritual. E sen o nosso coração ninguém morre, então é aí que todas as mães moram. Lugar perfeito que dando vida ao nosso corpo, se manifesta de formas estranhas, ora tornando-se grande a cada alegria ora emagrecendo a cada angústia ou tristeza, mas a verdade é que se o coração não fala, não é menos verdade que teima em correr ou sossegar a cada momento da nossa vida.
Termino lembrando a beleza das flores, e com elas suplico a Maria, nossa mãe, que Ela torne simples, belo e perfumado o caminho de cada um de nós, seus filhos, que de coração agradecemos a Deus por nos ter dado uma Mãe que lembramos num mês, mas que se faz presente em todas as horas de nossa vida.
Padre José Augusto
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