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Gazeta Paços de Ferreira

24/09/2020, 22:24 h

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HERNÂNI CARDOSO, presidente SC Freamunde - O nosso clube é amador

Atualidade

No arranque de mais um campeonato, Hernâni Cardoso fala-nos da história recente do Sport Clube Freamunde, que, tendo vivido momentos áureos, atravessa neste momento graves dificuldades financeiras, mas que não desiste do futuro alimentado que é por uma massa associativa ímpar, que não lhe regateia apoios nem solidariedade.

Gostaria que fizesse o ponto da situação: Clube - SC Freamunde; SAD - SC Freamunde SAD. O que é que existe neste momento?

Nesta altura existe alguma sensatez, alguma credibilidade, alguma orientação para um projeto.

Quando há um ano abraçamos este projeto, estávamos com graves   problemas financeiros, de orientação e estruturais. Com a ajuda do nosso advogado Dr. Domingos, de alguns amigos, dos adeptos e de toda a massa associativa, conseguimos fazer a equipa no último instante.

O nosso Diretor Desportivo conseguiu na última hora arranjar uma equipa, o que não foi tarefa fácil, pois os jogadores já se encontravam encostados a outra equipas superiores ou do nosso nível, pelo que foi difícil formar uma equipa que estivesse ao nível dos nossos pergaminhos e das nossas legitimas ambições. Conseguimos encontrar um grupo de jogadores muito interessante, conseguimos recuperar os miúdos antigos juniores, que estavam a jogar noutros clubes, e assim, equipa foi feita com base em rapazes da formação do Freamunde, que estavam completamente abandonados, e com dificuldades nesses clubes. Tivemos de nos socorrer deles e eles de nós. Pelo que foi um casamento feliz e foi com essa energia dos jogadores e da direção que avançamos .

Só tivemos a certeza de que iriamos poder jogar três dias antes do jogo com o Lixa, quando a Juíza despachou favoravelmente a admissão doo PER e daí partimos para um trabalho de recuperação jurídica e contabilística do Clube em bases seguras.

Os valores em dívida eram elevados?

A dívida da SAD é mais elevada. No processo do Clube o valor pedido foi cerca de 900 mil euros, foram reconhecido à volta de 500 mil, mas precisaremos de pagar menos, aí pelos 400 mil.

Como vai o Clube pagar com esta falta de receitas?

Esse é um grande desafio. Lançamos a Academia de Bilhar e estávamos à espera de fazer 4/5 mil euros por mês, mas a pandemia veio estragar os nossos planos, continuamos limitados, pois não a conseguimos abrir.

Mas nós temos ideias, que passam por aproveitar as bancadas para fazer umas festas, karaokes, vendas de camisolas, com que teremos de avançar, agora no mês de Outubro ou Novembro, pois não vamos deixar-nos dominar pelas dificuldades.

E a dívida da SAD?

A coisa mais violenta que temos pela frente é a SAD. Os valores para o PER eram cerca de um milhão e setecentos mil euros, mas foram reduzidos para 900 mil euros. Além disso, temos jogadores que continuam a criar problemas no início da época e que teremos de resolver.

Então que fazer?

Se hoje o presidente Hernâni Cardoso tivesse de decidir hoje, entre criar estruturas e a equipa B ou continuar com o futebol na SAD e não criar estruturas, amanhã decidiria criar a equipa B.

E esta só não foi criada por algumas dificuldades surgidas, pela pandemia, por certos jogos de cintura que procuramos antecipar, e em termos de sintético, há uma grande pressão sobre o Presidenta da Câmara Municipal para que o recupere e ele já percebeu o alcance desta realização

Mas houve uma oportunidade de ouro de criar uma equipa B

Houve asneiras estruturais por parte dos meus antecessores, que não tiveram visão estratégica do futuro, nem souberam aproveitar a oportunidade, que foi dada de criar uma equipa B, que jogaria na Divisão da Elite, e que poria o Clube a salvo de qualquer eventualidade que pusesse em risco a equipa da SAD.

O clube dedicava-se a esta equipa e deixava a outra equipa ser tratada pela SAD, na mão dos investidores. Se caísse a equipa da SAD, ficava a do clube na Elite.

Assim a SAD mantém-se por necessidade de assegurar a competição ao mais alto nível distrital, pois, de contrário, teria de se começar pela 2ª divisão distrital, como, entre outros, fez recentemente o Desportivo das Aves.

Vamos continuar com a SAD, mas vai haver outra consciência, vai haver uma equipa B na 2º Distrital.

Os associados estão a reagir bem a estas dificuldades?

Agora o Freamunde está bem, criamos estabilidade, movimentamos uma mola humana que nos traz muitas receitas. A recuperação dos associados e a renumeração dos sócios contributivos coloca-nos outro grande desafio.

Viemos encontrar um número elevado de 2900 associados, mas os sócios pagadores não iam alem dos 950/960.

Já recuperamos uma quantia significativa e conseguimos alguns largos milhares de euros de quotas atrasadas.

Ao renumerar os associados estamos a prestar ao sócios o nosso reconhecimento pela antiguidade, dedicação, fidelidade. Queremos criar nos associados esse sentimento, reconhecer a sua paixão.

Tenho a consciência que a paixão clubística é que marca a diferença. Não é entrar e sair e voltar a entrar. Encontramos sócios com três números.

Tenho a ideia que a entrada da nossa direção levantou o ânimo dos associados, que aumentaram entre 30% e 40%.

As coisas estavam muito difíceis e um socio até me prometeu, a brincar, uma estátua se eu conseguisse salvar o clube. Quando o clube está a afogar cria-se um sobressalto e as pessoas acordam da sua letargia e acorrem dando a sus força e o seu contributo.

Em que consistiam essas dificuldades

Foi preciso impor rigor nos gastos, mas tomar medidas de emergência, nomeadamente adiantamento de verbas, no montante de uns bons milhares de euros.

Quando fomos inscrever o clube e os atletas fomos impedidos de o fazer de imediato pelas dividas existentes, que tivemos de saldar, senão não havia campeonatos para ninguém... e o clube acabava ali

O passivo resulta exatamente desses adiantamentos que tivemos de fazer.

E depois ainda veio a pandemia

A pandemia veio estragar. Faltavam jogos que nos dariam ainda boas receitas.

Além disso tinha pensado fazer no nosso Estádio a Festa de Campeões do Ferreira, com os clubes de Ferreira, Eiriz e Sanfins, na qual iriamos fazer uns milhares de euros para cada clube e fazer do futebol uma festa.

O Freamunde já foi um grande clube nos nacionais. Agora o que é?

O Freamunde e um clube amador é um clube do distrital. Não tem condições para andar numa segunda liga. As pessoas têm a ideia que o Freamunde é um clube grande. Não é. Nem tem condições para vir a ser.

Ainda há dias discutia com o presidente do FC Paços de Ferreira que o seu clube iria passar por imensas dificuldades perante a evolução previsível do futebol português com grandes cidades a investir nos seus clubes e que cá em Paços não existem condições económicas para responder a esses investimentos de cidades como Famalicão, Faro, Portimão, Coimbra.

O terreno vendido no Estádio vai regressar?

A desanexação do terreno é outro grande desafio. O Seabra foi enganado ou deixou-se enganar… Iremos tentar reaver o terreno, sem prejuízo para o Seabra. Há a hipótese de se criar uma fundação Imobiliária para gerir o património.

As instalações precisam de umas obras?
O  campo principal está em bom estado e pensamos dotar o complexo de uma pista de atletismo, a medio prazo, para o que contamos com as instituições publicas centrais e autárquicas e com as federações, pois sendo um complexo concelhio pode vir a ser daqui a uns um ponto de desenvolvimento do atletismo no concelho, federado, escolar e amador municipal

Já temos atletas e uma secção de atletismo a organizar provas de estrada.

As instalações secundarias dedicadas ao futebol feminino e as camadas jovens dispõem de novos balneários e já com alguma dimensão e todo o espaço vai ser reabilitado.

Que receitas a persistir a pandemia?

Vamos promover o convívio dos nossos associados nas nossas instalações na academia de Bilhar. Nos jogos emitiremos convites a personalidades e associados. Só não podemos vender bilhetes.

Os patrocínios serão potenciados pelas transmissões dos jogos pela Radio e Televisão de Freamunde, que atá ajudarão a arranjar novos patrocinadores, pela visibilidade que lhes irá conferir

O SC Freamunde tem recebido apoio das autarquias?

No ano passado a Junta de Freguesia de Freamunde deu-nos 2000 euros pela promoção dos 300 anos do Capão, já a Câmara Municipal de Paços de Ferreira deu-nos zero, por algumas razões justificadas, mas este ano poderá compensar, e como vamos entrar em período de eleições, tudo indica que venhamos a receber o deste ano e o do ano passado.

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