14/11/2020, 17:28 h
92
A vitória de Biden foi uma excelente notícia para a Europa porque reconfigurará as relações entre os EUA e este continente que, com Trump foram enjeitadas. Em bom rigor, terá sido uma boa notícia para quase todos os países com exceção de países como a Hungria, a Polónia, entre outros de cariz de direita extremista e nacionalista.
Portugal, tem muito a ganhar, por tudo e mais alguma coisa, nomeadamente com o facto dos EUA virem a reintegrar o acordo de Paris e ainda mais com o facto de ser uma das principais promessas de Biden, a aposta numa economia com energia 100% limpa até 2050. Isto porque, sendo Portugal um promotor de tecnologia de produção de energia eólica, o nosso país poderá vir a retomar as exportações para os EUA neste setor que com Trump, simplesmente, cessaram na medida em que a sua opção foi o investimento nas energias tradicionais. Que o diga empresas como a Martifer.
Biden, se representa algo de muito positivo a nível internacional, a nível interno apresenta propostas para a educação que significarão uma verdadeira transformação do sistema de ensino Americano e, por consequência, do seu sistema de estratificação e classificação social futuro. O seu programa eleitoral prevê que os impostos aumentem junto das empresas mais lucrativas e das famílias que ganhem mais de 400 mil dólares por ano, canalizando parte desses recursos para o cancelamento de dívidas e empréstimos estudantis (este um verdadeiro flagelo nos EUA) e, para promover o acesso de populações, com menos recursos às universidades bem como o acesso universal à pré escola. E, porque tal acontece?
Porque Biden sabe que o ensino é o meio por excelência para superar os efeitos da pobreza, da exclusão social mas, também para promover a classe média e diminuir o hiato entre pobres e ricos. Não há outro que consiga atuar de forma tão eficaz e massiva.
Por outro lado, sabendo que as oportunidades de aprendizagem das crianças dos meios mais desfavorecidos são muito desiguais face às dos meios favorecidos, irá apostar na igualdade de oportunidade a partir do infantário, pois só assim poderá, realmente diminuir as diferenças sociais. O novo presidente dos EUA sabe - e teve a coragem de assumir a subida de impostos, o que nos EUA é muito mal visto - que tal permitirá catapultar muitos jovens da classe baixa e classe média, pois quanto maior é a instrução escolar e a qualificação profissional, menor será o risco de desemprego, maior será a possibilidade dos jovens integrarem-se de forma qualificada no mercado de trabalho e mais desenvolvido será um país. Ao mesmo tempo, continuará a promover a imigração útil para ocupar lugares de trabalho braçal e a emigração superiormente qualificada para a investigação e profissões altamente técnicas e qualificadas.
Acredito que a médio prazo teremos uma sociedade Americana mais qualificada, com menos bolsas de exclusão e com uma configuração social diferente onde a mobilidade social ascendente será ainda maior.
Marcos Taipa Ribeiro
Assine e divulgue Gazeta de Paços de Ferreira
Assinatura anual 20,00
Com acesso gratuito à edição electrónica
Opinião
20/09/2024
Opinião
19/09/2024
Opinião
18/09/2024
Opinião
17/09/2024