Por
Gazeta Paços de Ferreira

24/07/2021, 7:48 h

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DESVIOS

Joaquim Leal

Obras. Desvio. Mais desvios por causa das obras.

Que praga terá sido rogada a este país? De um dia para o outro, como se se tratasse do desejo duma obscura ou divina providência, imensas ruas entram em obras, ornam-se os jardins de novas plantas, enriquecem-se os parques públicos com novos equipamentos. O dinheiro flui, ou porque foi amealhado ao longo do mandato ou porque se hipoteca o futuro com novos empréstimos, permitindo que até passeios em bom estado sejam removidos para darem lugar a outros mais modernos.

Obras. É preciso mostrar obras porque as eleições se avizinham. Isto pensam os políticos no poder; isto pensam fazer os políticos que vierem a conseguir o lugar. Julgam que o povo é idiota, que não entende estas jogadas rasteiras dos períodos eleitorais. Tão enganadinhos que eles estão! Há uma inauguração e o povo comparece, aplaude, sorri? É bom aproveitar quando o circo é de graça.

Hoje é domingo. Dou um passeio de automóvel pelos concelhos vizinhos e deparo-me com obras, e desvios, e obras, e um nunca mais acabar de engodos para apanhar o povo nas redes traiçoeiras do voto. Talvez haja um concelho onde o presidente fugiu a esta triste tradição, confiando na inteligência dos seus concidadãos para avaliarem seriamente o que fez. Talvez sim. Talvez não.

Em tempos disse a um determinado presidente o que pensava, e ele concordou comigo, contudo, propunha-se manter o espetáculo habitual. Perdeu as eleições. Não sei se as perdeu por se ter recusado a alterar a sua conduta ou porque não entendeu que o que as pessoas queriam era qualidade de vida, espaços de lazer, vias para bicicletas e peões.

 Obras. Desvio. Mais desvios por causa das obras. Em duas horas de passeio, já fui forçado a desviar-me do percurso umas cento e cinquenta vezes. Talvez até mais. Não há pachorra para tanto. Nos trezentos e sessenta e cinco dias que antecedem as eleições deviam ser proibidas as obras não urgentes. Acredito que, se assim fosse, o que tivesse de ser feito continuaria a sê-lo, só que com mais racionalidade e menos desconforto para os utentes das vias rodoviárias concelhias e nacionais.

Joaquim António Leal

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