24/03/2021, 1:16 h
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2- Boca aberta
Cruzei-me com dezenas de pessoas como eu que foram surpreendidas pelo bicho. Ponto em comum: ninguém sabe como foi contagiado.
No meu caso, saí do meu refúgio algarvio para vir votar no dia 24 a Lisboa. Antes lá ficara! Deu nisso. E acabei por não poder ir votar!
Saí no dia 11 bem cedo e fui diretíssimo à CPAS (Largo de São Domingos) e à Delegação de Macau em Lisboa, fazer as elementares provas de vida, antes mesmo de ir para casa.
De seguida, cometi um erro. Fui abrir a boca. Literalmente. Sempre de máscara e só tomando refeições em espaços abertos, andei sempre seguro e com uma inefável certeza que o bicho não me apanharia. Mas há sempre um erro que a gente comete. Repito: fui abrir a boca onde não devia.
Às voltas com um problema dentário, que até já nem era urgente, fui no dia 14 à consulta dentária. Tudo muito bem equipado e protegido, claro. Salvo para o paciente que tem ali uma linha de tempo demasiado longa e perigosa a expô-lo completamente.
Diz a auxiliar do médico:
- Posso abrir uma janela para arejar?
Olhei espantado:
- Ó minha senhora, já devia estar aberta e a arejar de há muito!
E foi assim, no pouco tempo que estive de boca escancarada, desprecavido, o «carcará» dos tempos modernos aproveitou.
Claro que ninguém o pode garantir. Amigo meu, cirurgião em Portimão, garante-me que as evidências não apontam para aí: «pouco provável que o dentista seja o ponto zero da contagem. Está cientificamente provado que o contato aí é de baixo risco.» Mas todos nós sabemos de que massas somos feitos, certo? Na minha cabecinha, foi assim que tudo começou... siga o baile.
Eduardo Ribeiro, licenciado em Direito, natural de Angola, exerceu diversas funções em Angola, Portugal e Macau: magistraturas do MP e judicial, advocacia, funções jurídicas em gabinetes ministeriais, direcção de inspeção e serviços, juiz substituto e assessor em vários tribunais. Estudioso da passagem de Camões pelo Oriente, com dois livros publicados.Aposentado.
Nestas croniquetas, que iremos publicando, conta-nos o seu confronto com o vírus e o ambiente humano que encontrou à sua volta, que poderá ler, já na íntegra, em https://gazetapacosdeferreira.pt/
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