CAMPOS SINTÉTICOS - DAR SEM EXIGIR?

Os clubes e associações são importantíssimos na oferta cultural e desportiva à comunidade e aos jovens. Com a pandemia a durar há um ano, os efeitos têm sido nefastos – afastam os praticantes e sufocam as finanças das instituições. Os apoios do Governo e do poder local, neste momento, são cruciais. Não só na ajuda financeira, mas na construção de estratégias para ajudar à retoma da normalidade pré-covid.

Nas últimas semanas, foi sendo anunciada a construção de vários campos de futebol e a colocação de piso sintético, em vários concelhos, talvez fruto de eleições que se avizinham no final do ano. Em Paços de Ferreira, avançam já para Frazão, Raimonda, Figueiró e Ferreira, assim como lançamento de concurso para Codessos, Freamunde e Seroa. Penamaior, Carvalhosa e Lamoso aguardam primeiro a doação de terreno para receber a instalação depois.

Dotar os clubes de instalações desportivas é fundamental para a prática desportiva. E eles não conseguem tê-las sem a ajuda estatal.

No entanto, as autarquias, deviam assumir um papel claro no apoio aos clubes. Dar sem exigir não faz sentido, para mim. Ou seja, quer sejam apoios financeiros, quer sejam apoios de outra espécie, como instalações desportivas, deviam exigir moeda de troca. Os clubes têm de perceber que a prática desportiva não se pode cingir ao ter um campo, fazer uma equipa e ganhar ou perder ao fim-de-semana. As direções saem e que legado fica? Subidas e descidas de divisão. Não! Basta!

As direcções têm de deixar obra feita, capitalizando os apoios que vão tendo para melhorar a formação que disponibilizam aos jovens. É preciso investir e fazer crescer as estruturas humanas dos clubes para que a qualidade aumente. Seja a nível médico, com fisioterapeutas, com psicólogos, com nutricionistas, quer a nível técnico, com treinadores especializados, com preparadores-físicos, e até ao nível da gestão. E na minha opinião, se o caminho seguido não tem sido este, as autarquias têm de começar a exigir que assim passe a ser.

Formar melhores jovens e melhores cidadãos tem de ser o desígnio. Se for melhores desportistas, óptimo, se não for, o objectivo está cumprido. Mas só se consegue com investimento na estrutura de recursos humanos, de qualidade. É preciso dar um passo em frente, é preciso mudar mentalidades, é preciso querer muito mais do que ganhar ao domingo! Principalmente na formação.

Juvenal Brandão

Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV)

Licenciado em Gestão de Desporto

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