Por
Gazeta Paços de Ferreira

30/05/2021, 1:02 h

103

Autárquicas e Programas Eleitorais…

Marcos Taipa

Aproximam-se as eleições autárquicas e até os mais desatentos cidadãos já perceberam que as máquinas partidárias estão a começar a carburar.

No meio do natural e extensível frenesim, que afeta todos os partidos, uns mais do que outros, e sem o qual não se ganha eleições, exige-se seriedade e honestidade política e individual.

Para além dos “outdoors”, cada vez mais na moda e que, frequente e infelizmente, se mantêm ad-eternum expostos depois das eleições, é importante que as várias candidaturas passem mensagens sérias, verdadeiras, sustentadas e, simultaneamente, concisas. É, sobretudo, desejável, que os partidos políticos não tratem a população como ineptos, centrando-se em tudo menos no discurso ideológico e na mensagem política que se deseja transformadora. Numa altura em que o “vintage” está tanto na moda, seria bom que se recuperasse muito daquilo que foram as campanhas do pós 25 de abril, onde as mensagens incisivas, curtas e concisas e os agora apelidados “sound bites”, existiam de “mãos dadas” com o discurso intencional envolto em arte e à mistura com ideias ideologicamente comprometidas e propostas concretas.

De resto, esta é a melhor forma de derrotar um populismo, seja de esquerda ou de direita, sedento de lugares comuns, frases feitas e truísmos que promete soluções simples para problemas complexos.

Por outro lado, o debate nas redes sociais, arrastando, por vez, o sentido mais reptliano que há em cada um de nós, tipo claque futebolística, é barato, diverte, anima, mas não pode uma campanha reduzir-se a este meio, o qual anula a capacidade de reflexão e nos mantém eternamente confinados na redoma da retórica de cada um e na ignorância pretensiosa de vários.

Assim, os programas eleitorais devem ser elemento central neste processo e, desde logo, as pessoas merecem ter acesso aos mesmos, atempadamente, para melhor decidirem, sob compromisso da parte de quem os apresenta que os mesmos são para cumprir e não meros exercícios de manipulação. Estes devem partir da identificação dos problemas concretos ou de necessidades detetadas, devem até (mesmo não sendo tradição) demonstrar como é que essa necessidade/problema emergiu. Se foi diagnosticada a partir da auscultação da população, de movimentos associativos ou se simplesmente é algo que os candidatos consideram necessário de acordo com a sua visão política corroborada pela técnica. Depois, devem apontar a solução e quais os recursos que pretendem afetar à mesma. Isto é fazer política séria! Nada mais poético? Obviamente! Nada mais ético? Claramente!

Programas eleitorais vagos, extensos, descoordenados, incumpriveis, feitos ao sabor de vontades pessoais, sem discussão alargada, podem até fazer eleger, mas não são responsáveis. Podem até fazer convencer algumas pessoas menos atentas, mas também fazem aumentar a abstenção e não implicam nem comprometem a população.

Desta feita, o papel, os programas entregues na rua e no domicílio de cada um de nós continua a fazer sentido, tal como os programas expostos de forma mais encurtada e sucinta, nas redes sociais, revela-se pertinente. Neste processo de campanha autárquica, os debates, privilegiando-se os órgãos de comunicação social concelhios, a explanação das ideias e projetos políticos nos jornais locais, a discussão das posições dos vários candidatos sobre determinadas matérias e os artigos de opinião de cada força política, são um imperativo que não se pode dispensar, o que a acontecer, só interessa aos populistas, que têm soluções para tudo, para nada, para o que existe e para o que inventam existir.

Marcos Taipa Ribeiro

ASSINE E DIVULGUE GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA

ASSINATURA ANUAL DA EDIÇÃO ELECTRÓNICA – 10 EUROS

ASSINATURA ANUAL DA EDIÇÃO IMPRESSA (COM ACESSO GRATUITO À EDIÇÃO ELECTÓNICA) 20 EUROS

Opinião

Opinião

Rotundas ao nível do solo são um obstáculo para a mobilidade urbana

20/09/2024

Opinião

Freamunde: A Cidade que Perdeu a Sua Identidade

19/09/2024

Opinião

PROTEGER OS NOSSOS EMIGRANTES

18/09/2024

Opinião

UNIVERSITÁRIOS: AS GARANTIAS DAS AVALIAÇÕES PELO ESGOTO?

17/09/2024