Por
Gazeta Paços de Ferreira

02/04/2021, 3:34 h

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ABRIL, UM MÊS DE MEMÓRIAS

Opinião

Chegado o mês de abril, chegam aliadas a ele memórias e lembranças, lembranças essas inexistentes por parte dos mais jovens, fruto da sua não vivência num regime ditatorial, onde censura e medo eram palavras de ordem, regendo uma sociedade. Mas este facto não coíbe aqueles, que não viveram este regime, a celebrar convictamente a abolição do mesmo e a comemorar a vitória de uma nação ímpar no mundo, que colocou termo a um regime salazarista sem recorrer a guerra ou a violência, colocando cravos nas armas em detrimento de munições.

Tal como dizia o escritor norte-americano William Faulkner, “devemos ser livres, não porque reivindicamos a liberdade, mas porque a praticamos” e não existe, talvez, melhor frase para reter e transpô-la para a atualidade do que esta. Será que estamos assim tão condicionados para afirmarmos que não temos liberdade? Talvez não. Liberdade é uma palavra tão abrangente, que se torna indecoroso a restringirmos a esta conotação. Liberdade é termos, mesmo em tempo de pandemia e suposta falta de liberdade, o direito ao voto e a decidir quem nos governa e quem nos lidera. Liberdade é, no contexto feminino, poder viajar para fora do país sem a autorização escrita do marido, coisa que não se verificava no passado. Liberdade é, para os mais jovens, terem o direito a seguirem os seus estudos sem serem obstruídos pela obrigação de irem, muitas das vezes, para a guerra. Liberdade é termos direito de expressão, de termos uma opinião contrária aquilo que é, à partida, imutável.

Enquanto a luta dos jovens, antes de 1974, passava pela possibilidade de usarmos a palavra, tão nobre, como liberdade para caracterizarmos o nosso país, cabe-nos agora lutar por outras causas, causas bastante mais globais, exigentes, complexas e determinantes, que passam por uma revolução digital em curso, rápidos avanços tecnológicos e científicos bem como gravíssimos desastres ambientais, somos impelidos a ficarmos na linha da frente daquilo que são estas novas realidades.

Abril traz-nos isto, uma nação que se une para combater um inimigo comum, tal como se verificou há 47 anos atrás, a única dissemelhança é que, nesta batalha, vidas foram e continuam a ser levadas, muito fruto de infelizes negacionistas, que se preocupam em ir para a rua reivindicar liberdade. Curioso que, muitos deles, não usufruem dessa “liberdade” para exercer o direito de voto ou até mesmo para procurarem soluções para colmatar problemas quotidianos e diversos que nos assolam.

Festejemos abril, alicerçados na memória daqueles que batalharam para que ele exista, e mesmo a combater uma pandemia, que este mês e o dia 25 não caia no esquecimento, pois “aqueles que não se lembram do passado, estão condenados a repeti-lo”.

Fernando Machado

Militante da Juventude Socialista de Paços de Ferreira

https://youtu.be/6D4CzlR6T5o

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