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Gazeta Paços de Ferreira

13/10/2022, 0:00 h

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25 anos ao serviço da Educação

Educação

Cheguei a Paços de Ferreira com 21 anitos e desde sempre dei aulas em Arreigada: 16 anos na Escola de Vila Boa e 9 no Centro Escolar

Esta semana vou escrever algo mais pessoal. Quem me lê certamente não sabe muito sobre mim mas na semana passada, mais propriamente no dia 6 de outubro, atingi uma data muito especial profissionalmente: 25 anos a lecionar!

Ora, embora esteja em Paços há muitos anos, sou natural da freguesia de Tendais, concelho de Cinfães, distrito de Viseu. É uma freguesia rural e serrana, onde na minha infância a minha geração olhava para o sucesso na educação e no ensino como uma porta de saída para uma vida melhor, fugindo da vida do campo, que conhecíamos bem pois antes ou depois das aulas a mesma esperava por nós.

Confesso que nunca fui fã dos trabalhos agrícolas e, embora os saiba fazer, desde cedo “fugi” dos mesmos, aproveitando as férias escolares para ir trabalhar fora, desde os 14 anos, mesmo que contrariando a vontade dos meus pais. Desde a apanha do tomate e vindima, no Ribatejo, até um hotel na Suiça, fui experimentando vários trabalhos. Onde me demorei mais foi mesmo num café- restaurante da Vila, onde trabalhei nas várias férias escolares e onde era conhecida como “a menina do Café Angola”. Foi de lá que saí para Paços de ferreira em 1997, tendo passado de “ajudante de cozinheira” a professora.

Cheguei a Paços de Ferreira com 21 anitos e desde sempre dei aulas em Arreigada: 16 anos na Escola de Vila Boa e 9 no Centro Escolar. Em Vila Boa sempre tive turma mista, com 2 anos, e trabalhava com a parte social mais fragilizada da freguesia, pois havia como que uma separação na freguesia e nas escolas, sendo que uma era considerada a escola dos pobres e a outra dos ricos. Felizmente o Centro Escolar veio acabar com esse estigma!

Em Vila Boa comecei com 27 alunos de 2º e 3º ano, e por essa primeira turma tenho um carinho muito especial. Foi lá que me atribuíram o título de “general” pela minha rigidez e, confesso, voz de comando, a qual todos os alunos respeitavam sem dificuldades. Foram lá as minhas bases e com muito orgulho, no passado tempo das provas do 4º ano, o meu grupo foi o que teve melhores resultados no concelho, tendo provocado alguma “agitação” como é que uma turma mista, maioritariamente do bairro social, conseguia ser a que tinha melhores resultados no concelho.

Nessa época o bairro social do “Kosovo”, como foi batizado pelos locais, assustava muita gente. Mas Arreigada mudou muito: hoje em dia, os constrangimentos sociais não se sentem mais no Conjunto Habitacional (já não se fala tanto em Kosovo) do que fora dele. Os docentes que passam por lá percebem que é uma escola muito tranquila, com miúdos muito dóceis.

Voltando ao meu percurso… Poderia ter mudado de escola, mas nunca quis. Em Arreigada sei que sou bem mais do que uma professora e acho que sempre consegui fazer a diferença naqueles meninos. Sigo o percurso deles e, se nem todos seguiram o caminho académico, praticamente todos se tornaram bons adultos e têm sucesso nas diversas áreas.

Ao fim de 25 anos em Arreigada, sinto-me em casa! A escola e a localidade em si é a minha segunda casa, onde criei amizades e formei uma nova família de coração.

Passados 25 anos não escolheria outra profissão: ser professora enche-me a alma e nem todos os atropelos do Ministério da Educação ao longo dos anos me tiraram a paixão pelo que faço. Pelo contrário: sinto-me cada vez mais entusiasmada e realizada, pois sei que cada vez sou melhor professora. Se ensinei muitos meninos, muito me ensinaram eles também, e foram eles que me ensinaram a ser cada vez melhor!

Finalizo dizendo que sinto muito orgulho de todos os alunos que por mim passaram nestes 25 anos e que agradeço a todos eles e à terra que me acolheu pela realização pessoal e profissional que sinto ao fim deste tempo. Vou continuar a trabalhar com afinco e paixão…e continuar a ser muito feliz como professora!

Rosário Rocha

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