06/05/2021, 10:24 h
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O que é que leva as pessoas a afastarem-se umas das outras? Esta é uma daquelas questões que me corrói a mente e me entristece.
Todos já assistimos à partida de alguém das nossas vidas e isso certamente nos magoou, mas, o que realmente magoa é quando as pessoas vão embora sem explicação.
Temos um grupo grande de amigos, contamos histórias, partilhamos segredos, vivemos momentos hilariantes e, de repente, tudo se esvaece.
Aquela pessoa que estava sempre lá, simplesmente já não está, fica incontactável, em modo off, evapora-se do nosso dia-a-dia e, consequentemente, da nossa vida. Desaparece sem deixar vestígios, às vezes, como se nunca tivesse sequer feito parte do nosso mundo.
Em geral, isso acontece quando alguma mudança decorre connosco, quando atingimos aquele sonho de criança, quando conseguimos aquele trabalho de sucesso ou até quando descobrimos o amor.
A pessoa vai embora sem motivo aparente, mas, a verdade é que não consegue lidar com a mudança, não consegue aceitar os nossos sorrisos ou tampouco a nossa alegria.
Como se ser feliz fosse um crime e a nossa punição é perdermos os amigos. Eu, porém, chamar-lhes-ia inimigos neutros.
É fácil dar palmadinhas nas costas quando o outro está mal, difícil é dar a mão e ajudá-lo a levantar-se, ou bater palmas para o aplaudir quando ele consegue vencer. E esta, por mais dolorosa que seja, é a realidade do mundo atual.
As pessoas estão mais predispostas a magoar o seu próximo do que a abraçá-lo e a incentivá-lo na sua jornada.
Se é verdade que ninguém precisa de pessoas assim na sua vida, também é a verdade que todos carecemos de uma mão amiga, de alguém que aposte em nós, alguém em quem possamos confiar de olhos fechados, alguém que esteja presente nas festas e nas tragédias.
Não nos deixemos abater só porque algumas pessoas têm vergonha de reconhecer o nosso valor, como se a amizade fosse uma competição sobre quem é melhor ou mais vitorioso.
A amizade é para ser vivida de forma genuína, portanto, que sejamos capazes de ser nós mesmos em todas as nossas relações, porque mais importante do que agradar ao outro é manter a nossa essência. E se mantivermos a nossa essência, quem é de igual valor saberá reconhecer-nos. As almas boas atraem-se umas às outras, e vice-versa.
Letícia Brito
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