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Gazeta Paços de Ferreira

24/03/2025, 0:00 h

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Vamos falar de Investimentos? – parte IX

Economia Opinião

LITERACIA FINANCEIRA

Conforme prometido, hoje vamos falar de juros compostos!
Os juros compostos são chamados de “a 8ª maravilha do mundo” e também de “o fermento dos investimentos”. Mas o que são, na prática?

Por Raquel Silva (Economista)

 

Os juros compostos são um acelerador dos investimentos. Quando se investe em algo e há associado juros compostos, os juros pagos somam-se ao capital investido inicialmente e haverá “juros de juros”. É mais fácil de perceber com um exemplo. Imagine 2 cenários, um em que há juros simples e outro em que há juros compostos. Cenário 1 (juros simples): hoje investe €1000 num produto financeiro que paga uma taxa de juro de 3% ao ano. Ao fim de 1 ano, recebe €30 de juros (3% x 1000 euros). Esses juros não são somados ao seu capital inicial (os €1000). Ao fim do 2º ano recebe novamente mais €30 de juros. Que, novamente, não são adicionados ao seu capital inicial. No 3º ano, mais €30. Ao fim desses 3 anos resgata o seu dinheiro (os €1000). Terá recebido entretanto €90 de juros. Esse é o caso dos Certificados do Tesouro, por exemplo. O dinheiro investido é sempre o mesmo, e sempre que há pagamento de juros eles “caem” na sua conta de depósitos à ordem e não somam ao capital investido. Agora vamos ao cenário 2 (juros compostos): novamente €1000 investidos, novamente a taxa de juro de 3% ao ano. Ao fim de 1 ano, recebe €30 de juros (3% x 1000 euros). Mas agora, esses juros são somados ao seu capital inicial (os €1000). Passa a ter agora €1030 investidos. Ao fim do 2º ano, a taxa de juro não vai incidir sobre os €1000 investidos inicialmente, mas sim sobre os €1030: recebe €30,90 de juros (3% x 1030 euros). Houve juros sobre os €1000 investidos inicialmente e juros também sobre os €30 de juros que recebeu no fim do 1º ano (juros de juros). Estes €30,90 recebidos são então, novamente, adicionados ao seu capital inicial e também aos €30 de juros que tinha recebido anteriormente. Tem agora €1060,90. No 3º ano, recebe novamente juros: desta vez, recebe €31,83 (3% x 1060,90 euros). Somando ao valor que tinha, fica agora com €1092,73. Imagine agora que ao fim desses 3 anos resgata o seu dinheiro: terá a resgatar €1092,73. Aos €1000 investidos inicialmente, terá adicionado €92,73 de juros. É este o caso dos Certificados de Aforro: os juros somam ao valor investido inicialmente e aos juros recebidos entretanto – há juros compostos.

 

 

 

 

No cenário 2 do exemplo, em relação ao cenário 1, houve um recebimento de juros superior em €2,73. Parece pouco, mais imagine que em vez de €1000 investiu €10.000; ou imagine que em vez de resgatar ao fim de 3 anos, resgata ao fim de 30 anos. O efeito dos juros compostos é exponencial! É esta a sua “magia” (que de magia não tem nada, pois não é nada oculto ou sinistro; simplesmente é algo que tem de ser compreendido e tem de ser entendido o seu funcionamento).

 

Em relação aos ETF’s, há uma maneira de colocarmos os juros compostos a trabalhar. Em Novembro passado, no nosso 2º artigo sobre ETF’s, foi referido que há 2 tipos de ETF’s em relação à sua política de dividendos: ETF’s distributivos vs ETF’s acumulativos. Os ETF’s distributivos distribuem dividendos, ou seja, os dividendos são-nos pagos. Em vez disso, os ETF’s acumulativos reinvestem os dividendos recebidos no próprio ETF (juntam os dividendos recebidos ao valor que temos naquele ETF). Por isso mesmo, os ETF’s acumulativos são uma óptima forma de usufruirmos dos juros compostos.

 

 

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