11/12/2021, 0:00 h
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As perturbações do neurodesenvolvimento caracterizam-se por alterações no desenvolvimento da criança em várias áreas, tais como: cognição, aprendizagem, comunicação, linguagem, motricidade, socialização, comportamento, etc.
As perturbações do Espetro do Autismo (PEA), estão incluídas neste grupo de patologias e associam-se a dificuldades na comunicação e na interação social associadas a padrões restritos e repetitivos do comportamento, interesses ou atividades. Em 2020, estimou-se que uma em cada mil crianças portuguesas em idade escolar apresentava PEA, sendo o sexo masculino o mais afetado (~ 3 vezes mais). Estas patologias estão presentes desde o nascimento, mas geralmente manifestam-se entre os 15 meses e os 3 anos – altura em que as capacidades sociais da criança são esperadas. Quando os sintomas são ligeiros a manifestação pode ser mais tardia quando a interação com o meio e com o outro se torna mais exigente. Em termos da gravidade, as PEA são bastante heterogéneas, podendo apresentar gravidades bastante diferentes, tendo-se adotado o termo espetro como um continuum. Em qualquer um dos casos o diagnóstico precoce é essencial de forma a promover uma intervenção o mais atempada possível e, assim, ajudar as crianças na aquisição de novas competências reduzindo o impacto funcional. Existem alguns sinais de alarme que, quando identificados, devem ser motivo de visita e avaliação médica. Entre eles a destacar: dificuldades no contacto ocular; não responder ao seu nome; não apontar com o dedo para pedir ou mostrar aos 16 meses; não se envolver em jogos de imitação (p.ex: bater palmas); não se envolver ou solicitar o outro; comportamentos repetitivos com objetos (p.ex: rodar, alinhar por formas ou cores) ou não brincar com objetos variados e movimentos repetitivos ou posturas anómalas do corpo, etc.
A intervenção na PEA deve ser individualizada e multidisciplinar (hospitalar, intervenção local, escolar e cuidadores) para ajudar na transição para a vida adulta. Incluiu intervenção relacional, terapia ocupacional (sensorial), psicologia; terapia da fala e ensino especial, p.ex. O treino de autonomia e de socialização é fundamental. Ao contrário do que muita das vezes é pensado, a medicação é secundária e apenas para controlo sintomático (p.ex. agitação, agressividade, insónia…). O prognóstico está relacionado com o desempenho cognitivo da criança e a resposta ao tratamento podendo variar desde formas ligeiras onde a criança se pode tornar independente até formas mais graves onde a supervisão por terceiros tem de ser constante.
Margarida Barros, Médica Psiquiatra
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