25/07/2021, 7:32 h
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Margarida Barros Opinião Saúde
A Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD) consiste numa patologia psiquiátrica que se desenvolve quase logo após um evento traumático.
Os maiores estudos da PTSD deveram-se a eventos bélicos, como a Guerra Civil Americana, Guerra da Crimeia, 1ª e 2ª Guerras Mundiais, Guerra do Vietname e, em Portugal, a Guerra Colonial.
Todavia, foi-se percebendo que os eventos traumáticos podiam ocorrer a partir de outras situações de ameaça, risco de vida ou morte, tais como: acidentes de viação, desastres naturais, crimes violentos ou assaltos, doenças graves, abusos ou maus tratos físicos e/ou sexuais.
Este tipo de doentes desenvolve sintomas que incluem pensamentos intrusivos, pesadelos ou flashbacks do evento traumático e, por isso, procuram evitar estímulos, pessoas, eventos ou atividades que levem à criação/revisitação de memórias associadas ao trauma.
Existe uma alteração do neuro circuito do medo e ficam hiper alerta e hiper vigilantes. Quando os doentes revivem os detalhes do trauma, os sintomas intensificam-se e entram num estado de choque e desespero, podendo levar a crises de medo ou de pânico e a fenómenos de maior agressividade.
Para que se realize um diagnóstico de PTSD é necessário que estes sintomas perdurem pelo menos durante 1 mês.
Cerca de 10-25% dos indivíduos expostos a eventos traumáticos irão desenvolver PTSD crónica que pode durar vários meses ou permanecer ao longo da vida.
Nestes casos, existe um risco aumentado de depressão, suicídio, automutilações, perturbações de ansiedade, perturbação do uso de substâncias, alteração de personalidade, etc.
Em Portugal, estima-se que a prevalência de PTSD seja de 7.87%, sendo maior nas pessoas que experienciam ou já experienciaram traumas interpessoais, como a violação ou o abuso infantil.
De facto, os eventos traumáticos que condicionam maior risco de desenvolver PTSD em Portugal são, por ordem decrescente: violação sexual, abuso sexual antes dos 18 anos, morte violenta de um familiar ou amigo e exposição a combate.
O diagnóstico desta patologia é tudo menos fácil, sendo necessário estar alerta, principalmente em situações traumáticas, de forma a iniciarmos precocemente tratamento (medicação e psicoterapia - a mais comum a terapia cognitivo- comportamental).
É igualmente fundamental tratar os problemas associados (depressão, ansiedade, alcoolismo…), melhorar a rede de suporte social e familiar e manter uma atividade física regular para diminuir os sintomas
Margarida Barros, Médica psiquiátrica
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