Por
Gazeta Paços de Ferreira

04/06/2021, 3:47 h

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VAMOS FALAR DE DOENÇA MENTAL |Perturbação de Personalidade Borderline

Margarida Barros Opinião Saúde

Embora a PPB tenha uma causa multifatorial os fatores ambientais desempenham um papel muito importante. De facto, o ambiente familiar traumatizante e caótico, com negligência e maus-tratos na infância e na adolescência, abandono e separação materna com relações afetivas insuficientes, bem como o abuso de drogas por parte dos progenitores estão associados ao seu desenvolvimento.

 

 

As Perturbações de Personalidade (PP) representam padrões cognitivos, emocionais, motivacionais e comportamentais estáveis que se tornam mal adaptativos em determinados contextos assumindo, por isso, um caracter dinâmico. Existem três grupos: A –  características excêntricas ou estranhas; B – dramáticos, imprevisíveis e impulsivos; C – ansiosos e receosos.

Todos nós apresentamos um conjunto de características, ou seja, diferentes traços de cada uma das personalidades, sem que isso se defina como doença – esta apenas aparece quando estes traços se tornam disfuncionais na nossa vida gerando sofrimento.

A PP Borderline (PPB) - indivíduos pertencentes ao grupo B – afeta 1.6% da população geral e 20% da população psiquiátrica, sendo mais comum no sexo feminino (3♀;1♂). Estes indivíduos apresentam instabilidade persistente no relacionamento com o outro, na autoimagem e na maneira como lidam com as emoções. São muito impulsivos e o seu estado de ânimo varia ao longo do dia. Podem apresentar risco aumentado de comportamentos de risco como consumos de substâncias e dano físico ao próprio (cortes nos membros, ingestão medicamentosa exagerada, suicídio…). Por vezes estes comportamentos surgem como forma de lidar/diminuir o sofrimento e a frustração nas relações com o outro. Apresentam ainda, frequentemente, dificuldade em confiar no outro, baixa autoestima e autocritica elevada. É também característico o funcionamento em 2 pólos, vendo o mundo a duas cores – preto ou branco –, regulando as suas emoções e comportamentos apenas nos extremos.

Embora a PPB tenha uma causa multifatorial os fatores ambientais desempenham um papel muito importante. De facto, o ambiente familiar traumatizante e caótico, com negligência e maus-tratos na infância e na adolescência, abandono e separação materna com relações afetivas insuficientes, bem como o abuso de drogas por parte dos progenitores estão associados ao seu desenvolvimento.

A PPB pode estar associada a múltiplas comorbilidades médicas e psiquiátricas como a depressão, a ansiedade ou o consumo de substâncias, que aumentam a gravidade e mortalidade associadas. O tratamento é geralmente prolongado, difícil  e com recaídas. Os fármacos ajudam no controlo sintomático, sendo a psicoterapia o pilar do tratamento. O seu principal objetivo é ajudar os doentes a adotarem padrões de respostas emocionais e comportamentais diferentes, que lhes causem menos sofrimento e lhes permitam ter uma vida mais funcional e realizada.

Margarida Barros

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