“Uma carta aberta sobre a adoção de gatos e a realidade municipal”

Adotei uma gatinha de rua há pouco tempo e, como qualquer novo tutor responsável, procurei as informações necessárias para garantir o bem-estar da minha nova companheira. Dirigi-me ao Serviço de Veterinária Municipal, considerando ser esse o melhor caminho para encontrar apoio e orientação, especialmente em relação aos cuidados iniciais. Gesto esse que, pensava eu, seria apoiado e que, quem sabe, não seria exemplo para que outras pessoas fizessem o mesmo.

A resposta que recebi, no entanto, foi surpreendente e dececionante. Fui informada de que não havia nenhuma campanha específica para gatos no momento e que deveria ficar atenta às redes sociais.

Claro que, depois te ter visto o gatinho que foi adotado pelo município, e que tanta tinta correu nas redes sociais, e figuras ilustres a mostrar o quanto esses gestos são importantes, a meu ver, isto até seria um incentivo para a adoção consciente de animais de rua, e que faria parte do programa e não de campanhas enganosas.

Sinceramente, esperava mais de um órgão público que, por um lado, investe em campanhas de adoção de cães e, em outdoors gigantes espalhados por todas as ruas, e por outro, parece ignorar a necessidade de cuidados para os felinos.

A situação torna-se ainda mais complexa quando me chegou aos ouvidos que é incentivada a castração de gatas gestantes. Essa prática, além de ser questionável do ponto de vista ético, demonstra uma falta de sensibilidade e uma crueldade brutal!

Não é muito comum, mas ainda há pessoas que dedicam o seu tempo e recursos para cuidar de colónias de gatos em seus próprios quintais. No entanto, essas iniciativas heroicas raramente recebem o apoio necessário por parte das autoridades locais, e não ser de uma ou outra associação que, às vezes, contribuiu para a alimentação. A falta de políticas públicas adequadas para a gestão de colônias felinas acaba por sobrecarregar esses indivíduos e prejudicar os próprios animais.

É importante ressaltar que este texto não se trata de uma crítica infundada, mas sim da constatação de uma realidade, que precisa ser transformada. Reconheço que a veterinária municipal, assim como muitos outros profissionais, está limitada pelas decisões tomadas em níveis superiores. No entanto, é fundamental que a sociedade civil se manifeste e exija das autoridades um tratamento mais justo e igual para todos os animais, independentemente da espécie.

ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA