27/10/2022, 0:00 h
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É indubitável que os portugueses em geral estão a atravessar uma grave crise económica. O aumento dos preços dos bens essenciais para as famílias tem sido brutal: desde o combustível à energia, passando pelos alimentos, não há português que não tenha sentido já como os seus rendimentos baixaram. Os salários não aumentam, mas as despesas mensais disparam e muito!
Nos últimos tempos cada vez que vou às compras penso que é impossível não haver já famílias em graves dificuldades e a passar fome.
Mais uma vez as escolas têm uma missão difícil: estar atentas às carências que os seus alunos possam demonstrar. Confesso que isso me preocupa: não pode haver nenhum aluno a passar fome! No meio de tantas adversidades dos últimos anos, pandemia, isolamento e afins, a aprendizagem das crianças e jovens não pode mais ser comprometida, porque não conseguem fazer uma alimentação satisfatória.
Às escolas, aos meus colegas, aconselho a que estejam atentos: que percebam se há alunos a evidenciar que chegam à escola sem pequeno-almoço, sem lanche… Nenhum aluno consegue estar concentrado com fome. Há alternativas que podemos procurar e conseguimos ajudar esses alunos.
Mas as escolas não podem ficar sozinhas; é necessário que as famílias também colaborem. Caso tenham dificuldades, peçam ajuda!
As famílias podem colaborar também noutras situações: podem mudar hábitos e aprender que em situações de crise é necessário muitas vezes mudar de rumo e (re)educar os filhos.
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Em todas as escolas do concelho onde haja educação pré-escolar e primeiro ciclo, os alunos têm direito a um pacote de leite diário: há várias possibilidades- branco, achocolatado, sem lactose… Há, ainda, a distribuição de fruta duas vezes por semana. Tudo de forma gratuita! Incentivem os vossos filhos a aproveitar esses alimentos e a consumi-los. Ao beberem o leite escolar evitam o gasto em iogurtes, sumos, ou fruta em polpa, que é menos saudável e representa gastos. Mensalmente poderão poupar entre 10 a 20€ por criança.
É verdade que fomos habituando os nossos filhos a determinados “mimos”, que nem sempre são saudáveis, mas que são mais do seu agrado. É altura de irmos revertendo a situação, até porque devemos pensar que ao lado haverá alguém que não tem possibilidade de dar o mesmo aos filhos…e são crianças que comem imenso com os olhos!
Outra situação: neste momento também todos os alunos têm direito às refeições gratuitas nas escolas. Num concelho vizinho têm sido partilhadas, via redes sociais, imagens de pratos das refeições em que se alega falta de qualidade ou insuficiência no que se refere à quantidade. Não conheço propriamente a realidade dessas escolas, mas conheço a nossa. A verdade é que cada vez mais temos dificuldades em que os miúdos comam alimentos variados: poucas comidas lhes agradam! Na escola sede, onde os miúdos já são maiores, uma parte deixa muita comida no prato e alguns até tiram senhas e não vão comer.
Novamente penso que é necessário reeducar os nossos alunos: apesar de serem gratuitas as refeições, não estamos em altura de contribuir para o desperdício alimentar.
É urgente que as famílias e as escolas trabalhem de forma articulada no sentido de minimizar os efeitos da crise: temos que nos responsabilizar mutuamente para que nenhuma criança passe fome, mas que nenhum alimento seja desperdiçado.
Rosário Rocha
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