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Gazeta Paços de Ferreira

26/11/2021, 0:00 h

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Task-force para a Indústria do Mobiliário

Destaque

É preciso de facto uma concertação de forças dos diferentes intervenientes para que haja uma mudança de paradigma na forma como a sociedade reconhece os alunos provenientes das ofertas profissionalizantes e a forma como deve ser conduzida a orientação vocacional dos jovens, mostrando os atrativos pela opção das áreas relacionadas com a indústria da madeira, que existem no concelho.

A Indústria da Madeira e do Mobiliário padece e padecerá do mesmo “problema” que o Ministério da Educação enfrenta relativamente à falta de professores. A dificuldade em contratar mão-de-obra qualificada para o setor é fruto do “tratamento” que foi dado nas últimas décadas: proliferação de ideias estereotipadas e de pouco prestígio associados aos trabalhadores do setor, aliado a salários baixos e sem investimento dos empresários na formação contínua. Esta imagem contagiou e continua a contagiar os jovens do concelho que continuam a “fugir” das áreas de formação associadas ao setor.

 

É preciso de facto uma concertação de forças dos diferentes intervenientes para que haja uma mudança de paradigma na forma como a sociedade reconhece os alunos provenientes das ofertas profissionalizantes e a forma como deve ser conduzida a orientação vocacional dos jovens, mostrando os atrativos pela opção das áreas relacionadas com a indústria da madeira, que existem no concelho.

 

É preciso evitar também as “soluções imediatas” para suprimir a falta de mão-de-obra, que tem provocado o abandono precoce de jovens do sistema escolar antes de completar uma certificação, que, seduzidos pelo “canto da sereia”, são absorvidos pelo mercado de trabalho sem formação.

 

Antes de questionar que utilização é feita da formação escolar via ensino profissional, é preciso também entender, junto das entidades competentes que: não existe referencial para as ofertas profissionalizantes de nível 4 na área do estofador ou marceneiro. A CNQ (Catálogo Nacional de Qualificação) não apresenta esta oferta para que a Escola Profissional ou escolas públicas possam ministrar e desenvolver os cursos.

 

Mas, mesmo com a existência deste tipo de qualificação, tal não é significado que seria procurado por jovens como uma via de qualificação.

 

A Escola Profissional Vértice que, existe há 31 anos, que foi pioneira no desenvolvimento do curso de Técnico/A de Desenho de Mobiliário e Construções em Madeira, tem-se deparado com a pouca procura de jovens por esta oferta, não recebendo, apesar das nossas múltiplas estratégias de captação e divulgação do curso, alunos do concelho, ainda que apresentemos taxas de empregabilidade de 100%, dado a escassez de mão-de-obra nesta área.

 

Os jovens continuam a optar por cursos de carácter geral e outros cursos profissionais nas Escolas Públicas, cujas ofertas não são as intimamente relacionadas com a indústria e o tecido empresarial.

 

É preciso reforçar o papel fundamental das ofertas profissionalizantes para a economia com o reconhecimento de que programas da educação profissional são aqueles que melhor proporcionam as oportunidades de aprendizagem e aqueles que melhor preparam os alunos para mercado de trabalho. A realidade é que continua a subsistir um conjunto de ideias estereotipadas sobre o ensino profissional, as escolas profissionais e os alunos que as frequentam.

 

Os discursos, que se ouvem na sociedade, afirmam que o ensino profissional é para os piores alunos do sistema, um lugar para enviar aqueles que se acham que não têm potencial académico e que é necessário manter na escola.

Ao ensino profissional é associada a ideia de ensino com menos prestígio social e, muito embora grande parte dos alunos prefira a opção pelo ensino profissional, é desencorajada pelos professores, psicólogos e serviços escolares de orientação vocacional.

Discursos como: És bom aluno, terás de seguir para Ciência ou Tecnologias são uma realidade. 

É preciso combater isso. 

 

 

Caroline Gomes, Diretora Pedagógica da Escola Profissional Vértice

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