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Gazeta Paços de Ferreira

10/01/2022, 0:00 h

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SOBRE FUTEBOL Coisas que demoram mais do que deviam

Não obstante esta aposta evidente, há uma questão que se continua a colocar há anos: a problemática da transição juniores/seniores. Qual o melhor caminho?

O futebol tem evoluído de forma galopante nos últimos 20 anos. A todos os níveis. Nomeadamente ao nível das infraestruturas desportivas.

 

Lembro-me perfeitamente de ainda ver jogos das camadas jovens do FC Paços de Ferreira no campo de treinos de terra batida, onde figuravam jovens como Cadu ou Mário Sérgio, por exemplo. Em 2002, há cerca de 20 anos, o FC Paços de Ferreira deu o primeiro grande passo para criar mais condições para os seus jovens atletas: transformou esse campo de treinos de terra batida num relvado sintético. Além dos dois relvados naturais (estádio e campo de treinos) e desse novo sintético, havia ainda um campo mais reduzido de terra batida, somente para treinos.

 

Os anos foram passando, o número de praticantes aumentando, o sintético desgastante e foi sendo substituído, assim que o clube foi tendo condições para tal. Os castores foram-se consolidando como equipa de 1ª Liga e fruto disso as suas camadas jovens foram aumentando o protagonismo e cada vez mais procuradas. A equipa fixou os três principais escalões (juniores, juvenis e iniciados) nos campeonatos nacionais e sempre a olhar para as fases finais. Cada vez passaram a ser mais atletas a vir de fora, a chegar do FC Porto, Boavista, Leixões e, mais recentemente, até do Benfica, Sporting e estrangeiro.

 

Diogo Jota, jovem vindo do Gondomar acabou por ser a maior valia da aposta do clube, tanto que o valor da sua transferência “serviu” para pagar a bancada nova do estádio.

 

Mas na equipa principal pacense não têm sido muitos os jovens da formação, excepção feita nos últimos anos. Esta época, inclusive, podemos encontrar Jeimes, Nuno Lima, Luis Bastos, Abbas Ibrahim e Matchoi Djaló. Zé Oliveira começou com a equipa mas entretanto foi emprestado e Miguel Mota e Guilherme Pio, apesar de juniores, já estão integrados no plantel principal, sendo que o último até já jogou para a Taça de Portugal.

 

Apesar do conceito de “apostar em jogadores da sua formação” ser questionável (porque um jogador que tenha feito só os dois anos nos juniores no clube deve ser considerado da formação do clube?; será que um jogador da terra que sai nos infantis e volte no último ano de júnior deve ser considerado da formação do clube?), o que é certo que encontramos tudo isso no plantel pacense.

 

Não obstante esta aposta evidente, há uma questão que se continua a colocar há anos: a problemática da transição juniores/seniores. Qual o melhor caminho? Emprestar os jovens e ir busca-los mais tarde? Integrá-los no plantel principal e esperar que tenham a sua oportunidade? Ou até começar a integrá-los ainda na idade de juniores? E além disso, o que se deve fazer para ao longo do processo de formação os jovens estarem melhor preparados para esse salto? Um dos aspectos que me parece desde sempre fundamental, no caso de equipas grandes e que querem apostar ou valorizar os seus activos (e veja-se os maiores exemplos do país: Benfica, FC Porto, Sporting, Braga, Vitória SC) é que os seus juniores, pelo menos, treinem e joguem sempre em relvados naturais.

 

Aliás, por tudo o que a FPF tem feito nos últimos anos na tentativa de potenciar o jogador português, estranho que ainda não seja obrigatório na 1ª Divisão Nacional da categoria jogar-se apenas em relvados naturais.

 

 

Juvenal Brandão

Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV)

Licenciado em Gestão de Desporto

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