Por
Gazeta Paços de Ferreira

25/01/2022, 0:00 h

181

SOBRE FUTEBOL As mudanças de treinador

Desporto

Convém sublinhar que longe vai o tempo, mesmo em Inglaterra, dos clubes conseguirem ter treinadores mais de 10 anos, como chegou a ter o Manchester United (Ferguson) e o Arsenal (Wenger), por exemplo.

No final da 1ª volta na 1ª Liga portuguesa estavam consumadas 11 mudanças de treinador. Portugal é o país da Europa onde mais “chicotadas psicológicas” acontecem. Comparando com os cinco principais campeonatos europeus a diferença é assustadora. É este o caminho? Que medidas a tomar?

 

França e Alemanha registaram três mudanças no comando técnico, em Itália foram cinco e em Espanha e Inglaterra foram seis. Em Portugal foram 11. Dessas, apenas três clubes registaram mais de metade (seis) – Moreirense, Santa Clara e B SAD mudaram duas vezes cada. Benfica, Paços de Ferreira, Boavista, Famalicão e Marítimo trocaram uma vez.

 

Para quem está ou acompanha o futebol já se acostumou a esta situação, mas será que esta é a melhor solução?

 

Não é só em Portugal, nem só na 1ª Liga, que esta situação acontece. Num grupo de jogadores e treinadores quando os resultados não acontecem, normalmente quem paga a factura é o treinador. Os dirigentes procuram garantir a sustentabilidade dos clubes e essa passa pelos resultados, é certo. Mas será que tudo é feito para que o treinador os consiga ter? a culpa é apenas do treinador? E mesmo, após a mudança, o que faz a estrutura para mudar erros que possa ter cometido? A esses elementos, quantos erros são permitidos? Chegam a ser despedidos como os treinadores?

 

Esta questão dos despedimentos sistemáticos tem sido colocada a muitos treinadores. Todos eles focam aspectos importantes, mas a “questão cultural” e “a pressão exercida sobre os adeptos e opinião pública sobre os dirigentes” são os aspectos mais tocados.

 

Convém sublinhar que longe vai o tempo, mesmo em Inglaterra, dos clubes conseguirem ter treinadores mais de 10 anos, como chegou a ter o Manchester United (Ferguson) e o Arsenal (Wenger), por exemplo. Mesmo sem tantos despedimentos a meio da época, em terras de Sua Majestade, as mudanças técnicas de uma época para a outras são mais frequentes.

 

Além disto há outros factores muito importantes na minha opinião. E que são completamente diferentes de países para países. Como se contrata um treinador? Que critérios? Que perfil?

Vários países contratam treinadores com extremo rigor. Recentemente, Renato, ex-Benfica B, disse que, para assinar pelos equatorianos do Independente del Valle, passou por várias e exaustivas entrevistas, tendo conseguido o emprego (recentemente sagrou-se campeão). Já antes, Pedro Caixinha partilhara que, na sua primeira experiência no México, o processo tinha sido igual.

 

Em Portugal não há relatos disso. Em Portugal vê-se um treinador sair de um clube e na semana seguinte entrar noutro. Aqui, vê-se um círculo de treinadores, que vão rodando pelos clubes. Desconhecem-se testemunhos de clubes, que invocam motivos concretos para contratar determinado treinador.

 

Eu defendo claramente que os clubes têm de ter um máximo de treinadores por época. Eu defendo também que um treinador tem de ter um máximo de clubes por época. Eu acho que um treinador não deve treinar na mesma época diferentes clubes do mesmo campeonato. Desta forma, as coisas podem melhoar. Podem ajudar a que se cometam menos erros e que haja mais critério na escolha dos treinadores. Mas acima de tudo, importante era saber-se o que se quer e como se conseguir. Depois, dar-se tempo!

 

 

Juvenal Brandão

Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV)

ASSINE GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA

ASSINATURA ANUAL

IMPRESSA/PAPEL – 20,00 + OFERTA EDIÇÃO DIGITAL

EDIÇÃO DIGITAL – 10,00

Opinião

Opinião

Cascas de banana…

17/08/2025

Opinião

De tostão em tostão… se alcança o milhão ou a dimensão colectiva dos direitos do consumidor

13/08/2025

Opinião

A Bolsa de Valores

11/08/2025

Opinião

Gastroparésia: Quando o estômago perde o ritmo

10/08/2025