12/07/2022, 0:00 h
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O Ministério já abriu há alguns anos a possibilidade das escolas optarem entre a organização do ano letivo nos 3 períodos normais ou em 2 semestres. A semestralidade avançou logo em algumas escolas piloto e desde há 3 anos que tem conquistado alguns adeptos.
Objetivo do Ministério
Num ministério que é conhecido pelas mudanças constantes, sempre que surge uma nova, ou que têm necessidade de a implementar, os argumentos são sempre os mesmos: melhorar o processo ensino-aprendizagem. Os argumentos que vão sendo apresentados, nomeadamente através de estudos feitos pelos supostos entendidos em educação, assentam nos pressupostos de que facilita a articulação entre as disciplinas, a flexibilidade na gestão do currículo, diminuição do stress dos alunos, pois estes têm menos momentos de avaliação. Consideram, ainda, que a organização em semestres contribuiu para o bem-estar dos professores e que permite que os alunos façam uma melhor gestão entre o tempo de trabalho e de descanso.
Concretização da medida
O que se passa em concreto é que com a organização do ano em semestres, a avaliação sumativa, aquela em que o aluno recebe uma nota quantitativa, é apenas realizada duas vezes: no final do 1º semestre, normalmente em fevereiro, e no final do ano letivo.
Na prática, os alunos não têm menos aulas, ou menos férias: têm os mesmos dias, embora divididos ao longo do ano. Ao contrário dos 3 períodos a que estamos habituados, em que os alunos têm férias no Natal e Páscoa e a pausa do Carnaval, no modelo de semestralidade os alunos têm alguns dias em novembro, em fevereiro, no Carnaval e mantêm as pausas do Natal e Páscoa, embora reduzidas, de modo a compensar as outras pausas ao longo do ano.
Opinião pessoal sobre a semestralidade
Confesso que não estou ansiosa por entrar nesta forma de organização. E, tal como digo muitas vezes, uma escola não se muda por decreto. Ouvidas algumas opiniões de quem já está a implementar esta opção, lendo alguns artigos sobre o assunto, não estou convencida de que seja assim que se vai melhorar o processo ensino-aprendizagem.
Estou mais preocupada com os condicionalismos da medida. Na prática, apesar de serem dadas apenas duas notas aos alunos, os docentes terão que aumentar o número de avaliações formais, pois terão que realizar duas avaliações intermédias descritivas onde informarão os pais do processo de aprendizagem do aluno. Mas, não é isso que já se vai fazendo? E, quem está no terreno sabe que, por norma, no 1º período as notas não são as desejáveis, mas ao longo do ano as negativas vão baixando até que no final do ano praticamente desaparecem. E se, no final do 2º semestre, as negativas forem muitas? Haverá tempo de recuperar? Sabemos que uma mera avaliação descritiva não tem o peso de uma nota para que os pais percebam muitas vezes que é necessário ajudar a reorientar o percurso dos filhos. Nem os alunos dão o mesmo peso a uma informação que dão a uma nota quantitativa.
Segunda questão: como se vão organizar as famílias com todas estas pausas às pinguinhas: 2 ou 3 dias agora, mais outros tantos daqui a pouco? Também os serviços –ATL´s, Centros de Estudo e afins terão que se reorganizar. Contudo, as famílias serão as que terão mais dificuldades certamente, e eventualmente terão que inscrever os filhos em serviços que assegurem essas pausas.
Terceira questão: o que acontecerá a alunos que, por qualquer motivo, mudem de escola durante o ano, e que a organização das escolas seja diferente? Esta questão, até será a mais fácil, pois o aluno estará sempre protegido, mas…
Há muito mais questões, porque realmente estou um pouco cética, mas no próximo ano já terei uma opinião mais consistente, uma vez que o meu Agrupamento irá entrar neste modelo de organização. Quem sabe não dou a mão à palmatória…a ver vamos.
Rosário Rocha
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