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Gazeta Paços de Ferreira

13/02/2025, 2:00 h

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REYMONDA - OS PÉS DAS PEGADAS - VII

Freguesias Raimonda

FREGUESIAS

Reconfiguração da População Activa

Por Miguel Meireles

 

Entre 1950 e 1981, o volume da população activa duplicou. O contributo da década de 60, fica-se pelos 7,0%, em contraste com os 56,0%, do da 70. Entretanto, o peso da população activa na população total não parou de descrescer, no decurso dos anos 50 e 60. Dos 34,4% baixa para 29,0% e, só a partir dos anos 70, se inicia a recuperação, cujo valor só supera em 3 pontos o de meados do século. 

 

A desigual composição sexual dos activos emigrados, dos anos 60, pode justificar o ligeiro acréscimo relativo da mão de obra feminina, mas não o expressa de forma clara. Isso só se torna manifesto no decurso dos anos 70. A desproporção entre mulheres e homens, que havia sido de 74,8 pontos percentuais, baixa para os 40,%. De 1970 a 1981, a inserção das mulheres no mercado do trabalho mais que duplica, enquanto a dos homens se fixa com uma taxa de 1,3 de acréscimo.  Cerca do 1/3 da mão de obra feminina activa,  em 1950 e no sector primário, passa para 16,7% nos anos 70 e para 10,3% em 1981. Nesta data, 58,5% das mulheres com profissão estavam ligadas ao secundário e 31,2% ao terciário. Com peso relativo pouco superior ao dos homens no primário, mais que o duplica no terciário, sendo-lhes muito inferior no secundário. 

 

No que respeita à variável idade, mais de metade dos activos ligados ao terciário e secundário, nos anos 50, tinham menos de 45 anos. Os ligados ao primário eram pouco mais de 1/3. No decurso dos anos 60,  a desproporção agravou-se. Em 1971, os 28% dos activos no primário tinham mais de 65 anos e apenas 22% menos de 45. Era neste escalão, (dos -45 anos), que se dava a grande concentração dos activos no secundário e terciário. Com 66,% dos activos nestes sectores, os que tinham 65 e mais anos não chegava aos 4,0 %. Em 1981, a informação disponível para a totalidade dos activos, reflecte um ligeiro envelhecimento nos ligados ao primário. A grande concentração dos 65% de activos, ocorre no escalão entre os 45 e os 64 anos e são 18% os que estão para além dessa idade.

 

 

 

 

A análise da distribuição dos activos por ramos de actividade, tendo por base os chefes de família, mostra que 87% tinham emprego na construção civil, no calçado e vestuário e no têxtil. Isto em meados do século XX. A construção civil, com mais de 47% dos activos, era de longe o que mais empregava. Assim se manterá - não obstante alguns altos e baixos - até aos inícios dos anos 70. Dominavam, nele, as profissões de pedreiro e carpinteiro, com tendência progressiva para o incremento da trolharia. No ramo do calçado, as actividades e produtos artesanais da tamancaria conviviam com a emergência lenta da produção em couro ou pele. A natureza corporativa/artesanal e familiar da construção civil e do vestuário e calçado - cuja evolução para formas mais claras de assalariamento foi lenta e tardia - contrapôs-se sempre o ramo têxtil. Nele, dominavam as actividades de fiação, tecelagem e conexas, desenvolvidas em ambiente de fábrica e fora da freguesia. Em meados do século, era já de assalariamento puro, que se tratava. Com o acréscimo de emprego no têxtil e o declínio no calçado, os três ramos mantinham praticamente o mesmo peso, na entrada dos anos 60. No entanto, o aumento do volume de indústrias no ramo da madeira e mobiliário dava já indicações seguras do crescimento do emprego nesse ramo. Era de longe o que mais crescia em termos de emprego, nos anos 60.  Em articulação com ele, com o da construção civil e/ou pela implantação de unidades autónomas, irá crescendo também o da metalurgia e produtos metálicos. Em 1971, o conjunto destes ramos absorvia perto de 90% dos chefes de família, com emprego no secundário. O da construção civil, seguido pelo da madeira e mobiliário, ainda era o que empregava o maior volume de mão de obra. Com peso inferior, estavam o do têxtil e o da metarlugia.

 

Como referimos, a oferta de emprego no sector terciário foi reduzida. Os dados disponíveis dão conta duma grande concentração dos activos no ramo dos Transportes e serviços correlativos, no do Comércio e Distribuição e no dos serviços à comunidade. Nos anos 40 e 50,  quase todos os activos do terciário se distribuiam por estes ramos de actividade e, em 1980, representavam 80%. No entanto,  a evolução, nos dois primeiros, revela-se perfeitamente antagónica. Com um diferencial, à partida, de 32,2%, favorável ao dos Transportes, não deixa de crescer até ao nível dos 40,6%, em detrimento do Comércio e Distribuição. O perfil da principal categoria profissional nos transportes - os motoristas - alterou-se significativamente. Ligados, quase em exclusivo, em 1960, ao serviço das famílias ricas, evoluem para a prestação de serviços às empresas e aos transportes colectivos.Por seu lado, a variante da Distribuição sempre se expressou por modalidades artesanais e familiares - quase sub-modo de expedientes - em que as mulheres tinham o papel principal.

 

Nos Serviços à Comunidade, contemplamos tanto actividades de utilidade pública, com prestígio e qualificação profissional, como outras que se orientavam para a prestação de serviços pessoais.  O decréscimo, a que se assiste a partir de finais dos anos 60, dever-se-á a um efectivo declínio das últimas, mas será também consequência do progressivo desempenho das primeiras, por parte de não residentes na freguesia. Por essa data, são referenciados os primeiros " terciários " no apoio à indústria, bem como os profissionais da função pública, provenientes do exterior.

 

Autor: Miguel Meireles

 

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