02/01/2025, 0:00 h
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EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA (1940/1981 - continuação)
Por Miguel Meireles
As regularidades, que se podem observar, no perfil evolutivo das diversas freguesias, entre os anos 40 e os anos 81, sustentam menos aquela articulação, antes verificada, com o factor localização. O grupo de freguesias, com maior afinidade entre si, apenas têm em comum o facto de serem maioritariamente periféricas, por relação à sede do concelho. Constituem-se em dois sub-grupos de proximidade, mas ocupam posições opostas no espaço concelhio: 3 a NNE, em que se insere a Raimonda, 2 a SSE. O peso do sector agrícola e dos outros, em termos da mão de obra empregue, era também bastante diferenciado, em finais dos anos 70.
As outras freguesias, igualmente periféricas, apresentam perfis evolutivos diversos. No grupo daquelas, em que as taxas baixam, nos anos 60, para subirem a seguir, encontram-se tanto freguesias periféricas e dominantemente agrícolas, como outras que o não eram, inclusive a sede do concelho e Freamunde.
Como tendência, parece tratar-se de freguesias, situadas para SSE do concelho e que, cumulativamente, confinam com a de Paços e com freguesias de contingentes elevados, que se situam junto da fronteira com Paredes. Dispunham de melhores solos agrícolas, propiciados pela bacia hidrográfica do médio Ferreira e terão beneficiado do precoce desenvolvimento da indústria de moagem/mobiliário, da proximidade dos serviços municipais, do mais fácil acesso às vias de comunicação e meios de transporte, conducentes ao pólo urbano do Porto. À semelhança da maior parte das freguesias, situadas pelo Norte do concelho, a de Raimonda é das que, nos últimos 40 anos do período, apresenta taxas acumuladas mais baixas e perda de peso relativo, no quadro concelhio. Este grupo de freguesias, particularmente periférico, não contou com a distensão demográfica das centrais e, só mais tardiamente, sentirá o poder da influência sócio-económica, com origem nelas. Esta modalidade, menos intensa e mais retardada, das influências transformadoras, advindas do fenómeno da centralidade, terá proporcionado um crescimento demográfico e um processo de urbanização mais localizado e auto-centrado. Terão também contribuído, para o mesmo, factores ligados à produção agrícola, tais como: a menor aptidão agricola dos solos, a grande concentração da propriedade da terra, a auto-suficiência que as explorações agrícolas familiares garantiam e a força dos laços que se mantinham entre senhorios e caseiros.
Ao tempo, factor demográfico de elevada importância e que se impõe analisar, é o fenómeno da emigração para a Europa Central e para as colónias em África. O relevo da questão torna-se ainda mais pertinente, pelo facto da freguesia de Raimonda fazer coincidir a sua taxa mais elevada no crescimento demográfico, com um decénio - anos 60 - em que o valor da emigração foi dos mais elevados. Fica, desde já, a prevenção da dificuldade em avançar muito e de forma sustentada, na caracterização e explicação do facto. É que, para além dos dados disponíveis só recobrirem a emigração legal, também se limitam à escala concelhia, o que prejudica a sua configuração, a propósito de cada uma das freguesias.
Não obstante, há, desde logo, a constatação duma contradição estranha, relativa ao fenómeno de atracção/repulsão, entre os anos 40 e os 70. Nas duas primeiras décadas, manifesta-se um movimento de repulsão - a taxa do crescimento demográfico é inferior à do crescimento natural - enquanto, no decurso dos anos 60, independentemente do surto emigratório que então ocorre, é de atracção que se trata. Facto este que retomaremos de seguida.
Miguel Meireles
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