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Gazeta Paços de Ferreira

22/06/2023, 0:00 h

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RANKINGS DAS ESCOLAS

Educação COMENTÁRIO ROSÁRIO ROCHA

COMENTÁRIO EDUCATIVO

Qual a justiça dos rankings?

Nenhuma! É quase como comparar um carro de 90 cavalos com um com 190. Qual é o perfil dos alunos de cada escola?

Rosário Rocha

 

Esta semana não podia fugir a esta temática. Saíram, na semana passada, novamente os rankings das escolas. Referem-se às médias dos exames nacionais, quer do 9º ano de escolaridade, quer do 12º. Se bem que os do 9º ano são importantes, na verdade apenas os de 12º têm implicações mais sérias no que diz respeito à entrada na universidade.

Análise global

Regra geral os primeiros lugares são ocupados pelas escolas privadas e poucas são as escolas públicas que aparecem no início da lista. Isto acontece a nível nacional e também o concelho não foge à regra.

Embora todos os anos haja oscilação nos lugares que cada escola ocupa, o que é certo é que há escolas que se vão mantendo nos primeiros lugares. É também no Norte do país que as escolas “revelam” melhor desempenho nos rankings.

 

Indicadores

Os rankings baseiam-se na média dos resultados dos exames realizados em cada escola, desde que estas atinjam um mínimo de 50 exames.

Nas escolas públicas há indicadores, sendo possível analisar o contexto socioeconómico do Agrupamento: favorável, intermédio ou desfavorável. É possível, por exemplo, ter acesso à média de escolaridade dos pais e à percentagem de alunos com ação social escolar, ou seja, com auxílios económicos.

Nas escolas privadas não há esses indicadores, mas seria importante para se entender o desvio.

 

 

 

 

 

 

A quem servem os rankings?

Ora, nem eu sei bem… Aparentemente quase não servem a ninguém e são muitas as vozes que dizem que a escola não se mede em números. Nem a tutela concorda com os rankings, mas é a mesma que fornece os dados que permitem a sua elaboração.

O que é certo é que, não servindo a ninguém, quando os resultados “agradam” todos fazem deles bandeira, basta ver nas redes sociais.

Contudo, a servir a alguém, servem aos privados pois ajudam a “vender” o produto, pois sabemos bem a importância da média para a entrada nas universidades.

 

Qual a justiça dos rankings?

Nenhuma! É quase como comparar um carro de 90 cavalos com um com 190. Qual é o perfil dos alunos de cada escola?

Ora, sabemos que a escola pública é para todos, deve ser gratuita e universal. É para todos os alunos, independentemente do seu estrato económico e social. É esta escola que acolhe todos os alunos e deve conduzir cada um ao sucesso; é uma escola inclusiva e cada vez mais temos alunos com necessidades educativas, sejam elas ligeiras ou mais severas. Estão ao abrigo do Decreto –Lei nº 54/2018. Não segrega, nem pode e muito menos deve. Seria importante perceber quantos alunos há (e se há) nas escolas privadas, sujeitos a exame, que estão ao abrigo do referido artigo. Outra situação que seria importante perceber é qual a situação económica e social dos agregados familiares. Quem frequenta as escolas privadas? Como entram, como se mantém lá? Há seleção? Como? Vamos conhecendo casos em que sabemos que há…não é para todos, pois a situação económica é exclusiva, mas também a questão académica, pois nem todos são bem-vindos.

 

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Transparência

Do meu ponto de vista há que haver alguma transparência, por exemplo, na realização dos exames. Já houve um tempo em que todos os alunos os iam realizar à escola pública.

Essa devia ser uma exigência, (inclusive dos próprios privados), para reduzir alguma especulação. A especulação ganha alguma solidez quando se vão vendo estudos que comprovam que, embora seja mais fácil aos alunos das escolas privadas entrar nas universidades, pois têm médias mais altas, são os das escolas públicas que depois têm mais sucesso e concluem o ensino superior com mais facilidade.

Então, como é que cada escola prepara os alunos para o futuro?

 

 

 

Escola pública versus privada

Para finalizar, sendo eu formada e formadora na escola pública, penso que não há como comparar as duas. O que tem ou não tem a escola privada? Não tem essencialmente heterogeneidade socioeconómica. Não tem toda uma panóplia de situações que tem a escola pública. Num jornal nacional, um dirigente de um colégio justificava os bons resultados dizendo: “Os pais incutem nos estudantes valores como a dedicação e empenho, importantes para ter sucesso no mundo do trabalho”.

A mim apraz-me dizer: na escola pública a maioria da comunidade educativa, e de forma sistemática os professores, tentam incutir nos alunos os valores de empenho e dedicação para que tenham sucesso na vida em geral.

 

Rosário Rocha

 

 

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