17/11/2024, 0:00 h
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CULTURA
Por Ana Isabel Silva (Espaço Ocupar)
“Isto acaba aqui”, um livro que deu origem a um filme onde Lily Bloom representa uma mulher focada nos seus objetivos, determinada, mas quando se enamora de Ryle, toma consciência de muitas das suas dores “camufladas”.
É um filme que, embora romantizado, nos leva para um tema muito sensível: violência doméstica.
É um tem com raízes muito profundas na humanidade e abre portas a muitos dos temas mais sensíveis da saúde física e emocional.
Em Portugal, só em 1995 a Violência Doméstica ficou reconhecida com um crime público e é essencial que TODOS saibam que fazem parte da nossa responsabilidade social.
Na verdade, como diz Maria Gorjão Henriques: “Somos muito mais leais do que livres” e essa lealdade assenta nos condicionamentos a que somos sujeitos desde que nascemos: a família que nos acolhe, ama e educa o melhor que sabe; uma comunidade que nos acolhe com as suas regras, ideologias e princípios e o resultado: um somatório de “traduções” que fazemos do mundo. E quando nos relacionamos é essa tradução que nos cria conflitos, porque o que é para mim não é para o outro, o que eu penso é diferente do que outro penso, porque tenho vergonha de falar das minhas “dores”, do que me envergonha e com isso…esperamos que as pessoas com quem nos relacionamos tenham uma bola de cristal que evite trazer-nos à consciência essa dor. Mas não será ela necessária para ativar em nós as nossas escolhas mais profundas?
Neste filme percebemos que Lily percebe, quando volta a encontrar alguém do seu passado, que as suas escolhas, a coragem para as tomar assentam nela mesma e ela é a única responsável por elas.
Percebemos que muitas das nossas escolhas assentam no medo, no medo de sermos julgados, de deixarmos de “pertencer” ao que tanto nos dedicamos e acreditamos!
15 segundos, é o tempo necessário para podermos mudar a nossa percepção do outro.
Somos seres em constante associação e aprendizagem e é preciso treinar a mente para ressignificar um pensamento.
Para superar as mágoas precisamos, antes de tudo de tomar consciência dessa dor, de a reconhecer, de a aceitar e acima de tudo…de a compreender.
Só aceitamos aquilo que compreendemos.
O amor dilata a ligação à dor, porque temos expectativas que o outro encaixe em nós numa perfeição que muitas vezes, nem nós o fazemos connosco mesmos.
O relacionamento amoroso é um dos principais desafios do ser humano, dessa forma é fundamental atentarmos ao auto-conhecimento para sabermos perfeitamente colocar os limites nas nossas relações.
“Isto acaba aqui” não é um fim, mas um meio para começar…
Começar a conhecer-se mais!
Começar a aceitar-se mais!
Começar a respeitar-se mais!
Nunca desistam do que são!
Saudações cinéfilas!
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