24/04/2025, 0:00 h
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Destaque Editorial Sérgio Carvalho
EDITORIAL
Por Sérgio Carvalho (Professor e jornalista)
Mais que um pai, ele foi como um pai dos pais, um avô do mundo contemporâneo. Através do seu exemplo, tentou devolver o lugar dos anciãos, que lhes pertence por direito. As pessoas não podem ser descartadas porque são idosas, limitadas pela velhice ou incapacitadas pela doença. Vejam-se as suas recentes aparições surpresa, numa cadeira de rodas, transportando a botija do oxigénio, revestido com um simples manto. O Papa Francisco foi um verdadeiro pai, como o título de Papa significa, um «papá», como pode ser carinhosamente tratado pelos seus filhos espirituais. Quis ir ao encontro dos seus filhos mais distantes e dispersos, principalmente aos locais onde sofrem ou são minoritários. Amou a todos, todos, todos. Foi até às periferias físicas e morais.
O Papa Francisco foi um profeta, literal e cristãmente falando. Literalmente, porque profeta é o “intérprete" ou "porta-voz", "inspirado pregador ou professor", de pro - "à frente, mais adiante" ou "para, em nome de", mais a raiz phanai - "falar". Ou seja, uma pessoa que falava "o que ia acontecer mais adiante" ou "em nome de alguém". Através dos seus gestos e escritos, da sua forma de olhar e interpretar os sinais dos tempos, deixou pistas e alertas ao mundo contemporâneo. Denunciou os deuses do dinheiro e das armas. Em tudo mostrou que o centro são as pessoas e que o amor é a chave para todos os problemas do mundo. Do ponto de vista cristão, mostrou onde se encontrar Cristo e qual o caminho para estar com o Mestre: no coração de cada ser humano.
Ele foi o pontífice. Nos seus títulos até lhe chamam o Sumo Pontífice. Este título outrora pertença dos imperadores romanos, dos Césares, foi adotado pelo bispo de Roma. O Papa é aquele que faz as pontes entre Deus e os homens, bem como entre os seres humanos entre si. O Papa Francisco fez pontes entre o norte e o sul do planeta, entre os ricos e os pobres, entre crentes e não crentes, entre humildes e os poderosos deste mundo. Denunciou os que, em vez de pontes, erguem muros. Aqueles que não acolhem quem precisa de ajuda, e criam portagens e barreiras que nunca se abrem e cobram com sangue e suor aqueles que as querem transpor.
O Papa Francisco foi o 266.º sucessor de São Pedro, aquele que Cristo fez pescador de homens e pedra-alicerce da Igreja Católica. Não sabemos quem vai calçar as «sandálias do pescador», mas para os crentes será, certamente, o Papa certo para o momento que vivemos, indicado pelo Espírito de Deus. Para todos os outros, homens e mulheres de boa vontade, que seja um farol neste mundo que está órfão de pais, profetas e construtores de pontes.
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