Por
Gazeta Paços de Ferreira

04/05/2025, 0:00 h

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OITO EM UM (oito assuntos num só artigo)

Cultura Manuel Maia Opinião

OPINIÃO

Porque é que eu insisto tanto no desenvolvimento e não tanto no crescimento, ou seja, na cultura e não na economia?

Por Manuel Maia

 

Primeiro: porque a Cultura arrasta todos os outros vectores da vida social, incluindo o da economia. Porém, o contrário raramente acontece.

 

Paços de Ferreira é um triste exemplo disso! As Terras circunvizinhas (Penafiel, Paredes, Lousada, Sto. Tirso…) edificaram suas Casas de Cultura/Bibliotecas nos melhores e mais bem situados Palacetes ou Casas Solarengas, ao passo que Paços aproveitou as “cortes de gado ou casas de alfaias” de uma quinta agrícola, num local onde o diabo perdeu as botas, local escondido, muito escondido, onde um autocarro dificilmente consegue chegar.

 

Ora, meus amigos, a Cultura é a alma de um povo e a face do responsável por ela!

 

Segundo: a Cultura tem muito mais a ver com a Política do que a economia. Explico: Política deriva da palavra grega “polis” que em última instância significa “polido”, “culto”, “educado” …

 

Terceiro: enquanto na economia há uma participação directa no mundo dos negócios, mundo do dinheiro, logo da corrupção, abuso de poder, fraude, crime … (só existe esta mescla de coisas feias e ruins, onde houver muito dinheiro).

 

A Cultura, embora não imune ao crime, inclina-se muito mais para os bens imateriais do que para os bens materiais. Isto é um facto!

 

Quarto: O Papa Francisco disse e repete-o com frequência: “o mundo está em guerra por causa do dinheiro.”

 

Palavras que ninguém ousa contestar. E quem ousa, mente ou engana-se a si mesmo.

 

Portanto, para evitar a guerra nada como deixar de viver à sombra do dinheiro ou em prol da ganância!

 

Quinto: todos-à-uma, dirão que a Cultura não enche barriga e que sem dinheiro ninguém vive. Hoje celebramos 200 anos do nascimento de Camilo Castelo-Branco. Quanto a mim o maior intelectual português. Escreveu 262 livros. Viveu única e exclusivamente da escrita. Morreu por Amor e não à fome, por falta de dinheiro. E mais! Fez o nosso Rei, D. Pedro V, deslocar-se propositadamente ao Porto, para conhecer a tristemente célebre Cadeia da Relação. Local, onde Camilo viveu e escreveu sua obra prima “Amor de Perdição”. Aliás, Camilo era tão profícuo na “escritaria” que chegou a escrever três livros em simultâneo, o citado “Amor de Perdição”, “A Bruxa de Monte Córdova” e “Memórias do Cárcere”.

 

 

 

 

Sexto: se Paços de Ferreira, Terra que eu tanto amo, fosse uma Terra de gente culta nunca, por nunca, cairia naquela patranha que alguém nos impingiu, fazendo crer que quanto mais água gastássemos menos pagaríamos. Eu estava ausente de Paços. Nessa altura vivia na Senhora da Hora. Mas vi na televisão e confirmei depois nos jornais. Vi pessoas a lavarem suas viaturas, em plena rua, com “água da companhia” e outras, nem o cuidado deste proveito tiveram, limitando-se a abrir as torneiras e deixar que a água escorresse rua abaixo. Pela primeira vez senti vergonha de dizer que era natural de Paços de Ferreira! Sem ouro poderei viver, saudavelmente, 60, 70, 80 anos. Mas sem água, ninguém sobreviverá mais do que duas semanas. Conclusão: a água vale mais do que o ouro!

 

Sétimo: está aberta a sessão da campanha eleitoral. Espero que seja uma campanha política feita pela positiva. Até porque não há político algum que não tenha telhados de vidro, nem mesmo padres, bispos ou cardeais... (refiro-me obviamente àqueles que extrapolam a sua área de acção e se aventuram na política, metendo o bedelho onde não são chamados). Direi mais, na política, não há impolutos. A começar no Presidente da República e acabar no mais humilde servidor do Estado. Todos sofrem do mesmo mal, qual seja: ganância, egoísmo, egocentrismo, ambição desmesurada…

 

P.S.: Reitero meus parabéns aos Sr.s Presidentes de Junta das Freguesias de Seroa e Meixomil pela elevação destas Freguesias à categoria de Vilas. Tal implica mais responsabilidades, porque para manter este “status” é preciso criar novos serviços públicos. Isto quer dizer: maior qualidade de vida para seus concidadãos.

 

 

 

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