25/05/2023, 0:00 h
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Opinião Partido Comunista Política
OPINIÃO POLITICA
Cristiano Ribeiro
Cinquenta por cento dos portugueses adultos não vota. Porque não querem, porque é uma maçada, porque assim protestam, porque assim nunca perdem. Não votar não lhes traz qualquer prejuízo, é só vantagens. Podem continuar a criticar os eleitos, os políticos em geral, denunciar á peça as dificuldades, as posturas e as opções, rir cinicamente da nossa miséria ou impotência, dizer "eles no fundo são todos iguais, só querem mamar"…
Cerca de cinco por cento dos portugueses vota branco ou nulo. Porque assim expressam que a democracia, coitada, não lhes dá alternativas, porque são individualistas á espera de um partido que lhes sirva como um sobretudo pronto-a-vestir, porque são abstencionistas, mas socialmente não querem que se saiba, porque assim nunca se arrependem, dizer "os partidos têm de se modernizar", vá-se lá saber em que direção…
Uns muito por cento votam no seu partido de sempre, como se fosse a sua família emocional, a sua igreja, independentemente da competência, das provas dadas, das corrupções do passado, dizer eu voto sempre no PS (ou no PSD), desde pequenino, uma fidelidade ao passado, á tribo, um conservadorismo avesso a mudanças, "para pior já basta assim, não sei quem elejo, mas deve ser gente boa"
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Uns alguns por cento votam nas modernidades de momento, como se fosse necessário experimentar um novo manjar, novas ilusões, nos partidos dos animais, das plantas, dos riachos, das drogas leves, das relações sexuais recreativas, das questões da ideologia do género, na ideologia liberal pura e dura, na filosofia da morte, no esbracejar frenético dos tinos, no beijo ao gato, na cor de pele, na orientação sexual, no autoritarismo, no racismo (e no anti-racismo), no exótico, na gaguez, na deficiência, no sex-apeal jovem, na Lady Di, dizer "eu voto pela inclusão, votando (pois claro!) nos excluídos, ou minoritários", e no futuro se verá…
Muitos por cento votam só nos vencedores, nos esperados vencedores, atentos aos sinais dados pelo professor, pelo senhor padre, pelo empregador, pelo regedor, pelo telejornal, pelo comentador televisivo, dizer "eu voto sempre bem, nunca me engano, a culpa é dos chineses, dos imigrantes, dos pedófilos, dos professores, dos juízes, dos do rendimento mínimo garantido, dos funcionários públicos, dos comunistas, dos doutores, dos lisboetas, (angola para os portugueses), do Trump, das vacas, dos ateus, do 25 de abril."
A coerência, a sinceridade, a perseverança, a experiência, não dão votos.
É o país que temos. Pequenino, sonolento, acéfalo, comodamente sentado. Á espera de ser servido.
Cristiano Ribeiro
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