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Gazeta Paços de Ferreira

27/07/2025, 0:00 h

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O MAL ESTÁ CÁ

Cultura Atualidade Manuel Maia Opinião

OPINIÃO

M.A.L. significa “Movimento Armilar Lusitano”. E, segundo consta, é um dos tentáculos do polvo P.C.C. (Primeiro Comando Capital) com origem no Brasil, estendendo-se por toda a América Latina.

Por Manuel Maia

 

De acordo com a imprensa, dos 87 elementos referenciados pelas Instituições Judiciais e Judiciárias, 29 estão presos. É nas prisões que eles recrutam “militantes” para engrossarem suas hostes. Repito: o MAL está cá. E veio para ficar! Instalados nas prisões portuguesas, são os melhores publicitários destas, dizendo-nos que aquele é o melhor lugar do mundo para se viver bem. Ouviu-se há dias na TV certos reclusos proclamarem, alto e bom som, enquanto se drogavam, em pleno recreio: “Isto sim é que é o verdadeiro paraíso. Aqui é que se está bem!”  Esta cena não se passou longe de nós. Foi aqui, na Cadeia Central do Norte! Quem havia de dizer que chegaríamos a tal ponto?! Chegámos porque somos uma geração de pessoas emocionalmente fracas. Muito fracas! Tudo tem que ser abafado porque é ofensivo, inclusive a verdade! Cada vez é mais difícil encontrar “pessoas” no meio de tanta gente, culturalmente analfabeta!

 

Diz-nos Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”.

 

 

 

 

A história que me trouxe aqui hoje, pouco abona a meu favor. Adiante saberão porquê. Mas é uma história verdadeira! Estávamos no início de 1975. No pré-verão-quente. Eu tinha acabado de entrar nos Serviços Prisionais. Entrei, oficialmente, em fevereiro/75. Digo “oficialmente” porque antes, quando soube que tinha sido selecionado, ofereci-me para trabalhar como voluntário. Estive nesta situação de outubro até fevereiro. Como disse, algures entre março e abril, uma Srª Guarda Prisional, cujo nome agora não me lembro, (permitam-me que abra aqui um parêntese só para dizer que as Guardas Prisionais que faziam serviço na portaria, em dias de visita e revistavam as senhoras, designavam-se por “apalpadeiras”. Designação pouco digna e nada edificante. Não sei se ainda hoje se designam assim. Esta denominação, por vezes, era motivo de chacota, riso e provocação entre as visitantes que diziam à boca cheia: “Isto está tudo trocado. Então não devia ser um homem a fazer esse trabalho?”). Mas voltemos à história. Num determinado domingo (os dias de visita eram aos domingos: das 10h00/12h00; e das 14h00/16h00) uma Srª Guarda, apalpadeira, detetou droga, num maço de cigarros. Liamba. Terá sido a primeira vez que tal aconteceu. Eu estava de serviço nesse dia. Naquele tempo os Educadores trabalhavam aos fins-de-semana, gerindo a entrada dos visitantes. Cumprindo o seu dever, a Srª Guarda comunicou-me e eu tive que fazer a participação, por escrito, ao Sr. Director, Dr. Augusto Seabra que, por sua vez, a deveria encaminhar para o Ministério Público ou Tribunal. Acontece que a Srª transgressora tinha dois filhos. Duas crianças de colo. Apercebendo-me disso informei o Sr. Director, sugerindo que convocasse a Srª. infractora e no seu gabinete lhe desse uma grande repreensão e séria advertência, no sentido de ela perceber que se reincidisse o caso seguiria mesmo para Tribunal e que, por ser reincidente, não se livraria da pena de prisão, ficando as crianças completamente abandonadas, entregues a si mesmo. Foi remédio santo. A prevaricadora nunca mais transgrediu e o recluso, seu companheiro, mudou, por completo, seu comportamento intramuros.

 

Em suma:  fui queixoso e testemunha de defesa. Acusador e defensor…

 

Um bom técnico da área psicossomática (seja psicólogo, assistente social, enfermeiro, médico…) não se pode comover ou ter pena, mediante determinados casos por mais chocantes que estes nos pareçam! Ora, eu, Assistente Social, tive pena da prevaricadora! Daqui ter dito que a história pouco abonava a meu favor.

 

Hoje, com as forças neonazistas, pertencentes a partidos da extrema direita, cujos nomes recuso-me pronunciar, para não lhes fazer publicidade, hoje, esta história teria forçosamente outro desfecho e o Tribunal Judicial ou Forense teria que tomar conhecimento e decidir em conformidade.

 

 

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