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Gazeta Paços de Ferreira

31/08/2024, 11:48 h

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O D em PSD ainda significa Democrata?

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OPINIÃO POLÍTICA

A dúvida entre os candidatos democratas e republicanos não é, no entanto, nova para o PSD. Em 2016, enquanto líder parlamentar do partido, Luís Montenegro disse que se iria abster numa votação entre Trump e Hillary Clinton.

Por Filipe Rodrigues Fonseca (Engenheiro Informático e Militante do Livre)

OPINIÃO POLÍTICA

 

 

Hugo Soares, líder parlamentar do Partido Social Democrata, afirmou, em entrevista, que não sabe entre quem votaria nos EUA: Kamala Harris ou Donald Trump. 

 

 

Esta indecisão foi bastante criticada porque Trump, além de ter vários discursos extremistas, incitou o ataque ao Capitólio e pôs a democracia dos EUA em risco.

 

 

A dúvida entre os candidatos democratas e republicanos não é, no entanto, nova para o PSD. Em 2016, enquanto líder parlamentar do partido, Luís Montenegro disse que se iria abster numa votação entre Trump e Hillary Clinton. 

 

 

Numa altura em que Trump já era acusado pelas suas táticas políticas de disseminação de informação falsa e discurso de ódio, Montenegro demonstrava-se incapaz de escolher entre ambos os candidatos. 

 

 

A possível escolha de Trump em 2024 apresenta, no entanto, repercussões maiores do que em 2016. 

 

 

A 6 de janeiro de 2021, após perder as eleições, Trump incita a população a invadir o Capitólio, local onde iria decorrer a nomeação de Joe Biden como novo Presidente do país. 

 

 

 

 

Sem a nomeação de Biden, Trump poderia continuar a exercer funções, concretizando um golpe de estado no país. Apesar do ataque não ter sido bem sucedido, Trump continuaria a não aceitar os resultados eleitorais, alegando a falsificação de votos por correio como o motivo de ter perdido. 

 

 

Ao não escolher entre Kamala e Trump, Hugo Soares apresenta-se incapaz de escolher entre uma pessoa pró-democracia e alguém que a atentou. 

 

 

A ambiguidade do PSD com a extrema-direita nos últimos anos revela a sua falta de identidade e, por consequência, a sua constante adaptação à janela de Overton (que descreve a gama de ideias toleradas no discurso público). 

 

 

A onda de partidos de extrema-direita que emergiu na Europa, nas últimas duas décadas, alterou drasticamente a janela de Overton em Portugal. Discursos extremistas, xenófobos e discriminatórios passaram a ser normalizados em nome da liberdade de expressão. 

 

 

No lado oposto do espectro, a defesa dos direitos das minorias é cada vez mais um discurso não tolerado pela população em geral, sendo considerado como woke e extremista. 

 

 

O PSD apresenta-se, de forma irónica, cada vez menos Democrata e menos Social. Ao não escolher de forma clara Harris, Hugo Soares prova que o partido perdeu há muitos anos a sua identidade. Ao não escolher uma candidata a favor da democracia e do Estado Social, o PSD cede à pressão da janela de Overton e escolhe seguir a corrente em vez de manter a sua identidade.

 

 

Será que o D em PSD ainda significa Democrata?

 

 

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