28/09/2024, 0:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
Por Filipe Rodrigues Fonseca (Engenheiro Informático e Militante do Livre)
Ao ultrapassarem as barreiras impostas pelos meios de comunicação tradicionais, os políticos conseguem proliferar mais facilmente discursos falsos e extremistas.
Se a criação de uma proximidade entre o eleitor e eleito através de uma rede social é positiva, a falta de verificação da factualidade das mensagens acaba por, inerentemente, minar a democracia.
As redes sociais têm algoritmos que definem o conteúdo que é apresentado aos utilizadores. O objetivo principal destes é garantir que o utilizador seja cativado pelo conteúdo que vê, mantendo-se na aplicação, e criando um afunilamento progressivo do conteúdo apresentado ao utilizador.
Este afunilamento impede uma pessoa de visualizar conteúdo contrário ao que consome habitualmente.
Na política, através das redes sociais, é mais fácil transmitir os ideais de um partido e conseguir que uma pessoa vote de forma mais consciente, teoricamente.
No entanto, ao contrário dos meios de comunicação tradicionais, nas redes sociais uma publicação não precisa de ser verdadeira para ser partilhada.
Ao longo dos anos, partidos populistas e extremistas começaram a aproveitar-se desta falha para aumentar a sua notoriedade e construir narrativas falsas sem consequências.
Com estes algoritmos, uma conta que tem muitas interações é apresentada a mais pessoas. Graças a isso, quando um conteúdo é claramente falso ou ridículo, muitas pessoas comentam ou partilham o mesmo para o clarificar.
Um maior número de interações, mesmo que em protesto, populariza e aumenta o alcance de contas que publicam desinformação.
Partidos populistas usam, de forma abusiva, esta técnica de partilhar desinformação para aumentar a sua popularidade e proliferar ideias extremistas com a população.
As redes sociais tornaram-se numa espada de dois gumes: uma ajuda inicial, que acabou por ser uma ameaça para a democracia e informação da população.
É por isso importante que os meios de comunicação social não percam o seu peso, devendo ser um foco do governo apoiar os mesmos de forma independente.
Caso deixe de haver controlo da veracidade, um eleitor será incapaz de fazer uma escolha livre, porque não tem acesso às diferentes propostas para resolver os seus problemas.
Combater a desinformação torna-se, assim, numa luta por uma democracia mais robusta.
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