28/09/2024, 0:00 h
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Opinião Opinião Politica Partido Comunista
OPINIÃO POLÍTICA
Por Cristiano Ribeiro (Médico e Militante do PCP)
Criou-se alguma expectativa positiva com as medidas adiantadas pelo atual executivo. Não pareceria muito ousado esperar um novo e positivo ciclo de gestão na Saúde, que rompesse com o autismo de Pizarro e Costa.
Diziam alguns que a responsável da pasta, anteriormente administradora hospitalar em Hospital Público, nunca demonstrara um pensamento estratégico alternativo a Pizarro e Costa. As primeiras medidas de gestão, como o funcionamento do INEM, foram desastrosas. Mas a esperança era a última coisa a morrer…
Avançadas 54 medidas, estruturadas em 5 eixos, com um prazo urgente de execução de algumas delas em 3 meses, aguardamos a sua aplicação, apesar de notoriamente serem parcelares ou limitadas à partida. No final desse período (fim de agosto), verificamos estupefactos que afinal a montanha parira um rato. Nada resultou ou se aposta que vá resultar.
O diagnóstico está feito. São as crescentes dificuldades no acesso a cuidados de saúde, mesmo os mais básicos. É a crescente insatisfação junto dos utentes. É o crescente mal-estar junto dos profissionais. É a crescente degradação da qualidade e celeridade na prestação de cuidados. É a crescente vulnerabilidade de amplos sectores da população, quando sujeitos a discriminações e prejuízos decorrentes de área geográfica de residência ou da situação económica.
Mesmo ancorada num círculo de protecionismo político, que Montenegro e Marcelo criaram artificialmente à sua volta, a verdade aparece nua e crua: não há iniciativa política por parte do governo que responda politicamente aos problemas do sector, antes pelo contrário, há uma tentativa de continuidade com novos rostos. Aos privados abrem-se novas e promissoras fontes de receita e lucro, como os valores concessionados aos partos e à realização de Exames Auxiliares de Diagnóstico ou à organização de USF privadas. Mesmo o discurso político de enquadramento, onde aparece o sacrossanto papel dos privados e do “social”, e os “preconceitos ideológicos”, nada acrescenta ao já conhecido discurso estafado e à lógica perversa do consulado PS.
O SNS, de que se comemoram agora os 45 anos da sua fundação, continua espremido pela transferência de cuidados e de recursos, incluindo os humanos, para a já numericamente superior hospitalização privada. O SNS entrou em aparente coma.
Em breve, anuncia-se uma “limpeza” dos quadros dirigentes das administrações e chefias intermédias, naquele rodopio de lugares em que PS e PSD se entretêm ciclicamente e que certamente dará “competência” e “brilhantismo” a ex-deputados e a ex-presidentes de câmara do PSD. Os que ainda por lá andam e serão dispensados aguardarão com ansiedade a respectiva indemnização.
Sem a valorização dos profissionais do SNS, das suas condições, carreiras e salários, nada parece ser possível.
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