20/11/2023, 0:00 h
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Cultura José Neto Meixomil Opinião
OPINIÃO
Por José Neto (Doutorado em Ciências do Desporto; Docente Universitário; Investigador)
OPINIÃO
Tenho vindo ao contacto com os meus/minhas estimados/as leitores/as no sentido de evocar de forma pessoal e afetiva as recordações que me ficaram pela conquista dum tempo feito de tanta alegria e festa entre gente que irradiava canseira e ao mesmo tempo, convertida em intransigente felicidade.
Dei como exemplo a senhora da Hora e Nossa Senhora do Pilar, pois marcaram a minha meninice e juventude nessa terra de Penamaior, transbordante de graça e formusura na qual muito pertinho nela me revejo.
Contudo, dado que meus pais residiam em Sobrão, inúmeras foram as vezes que para aqui me desloquei, que até acabei por encontrar outro berço de imparável quietude e bem-estar e que por motivos de uma afetuosa e absoluta cumplicidade, resolvi fazer deste lado dum mundo novo a paixão de reconstruir o meu futuro.
Sobrão foi sempre um espaço nobre da freguesia de Meixomil, tratado como se fosse a sala de visitas do concelho e merecedora duma qualificada atenção pelo que representou no passado e abnegadamente luta pela dignificação do presente e futuro. Dizia o meu admirável e saudoso sogro (também paizinho de muitos afetos), que Sobrão tinha tudo: Capela; Escola; Padre; Médico; Dentista; Clube/Associação; Professor; Bispo; Armazém transformador de alimentos; Ferrador; Regedor; Serração de madeiras; Farmácia, etc.
E também tinha a FESTA DE SANTO OVÍDIO uma das mais emblemáticas e antigas do concelho, celebrada no dia 9 de agosto.
Reza a história que em 1814 a então capelinha de Santo Ovídio, também designada capela da Ponte, devido ao alargamento da estrada para Valongo, foi demolida e reconstruída no local onde se encontra.
Em 1897 era vulgar juntarem-se neste adro convívios entre distintas damas e cavalheiros da boa sociedade pacense, que desde Paços e arredores se deslocavam para este local paradisíaco.
Em 1889, já se ouviam no arraial as bandas de música dos Conceição e Baptista que tocavam até às 3 da madrugada.
Após as festividades em 1906 terem sido entregues à responsabilidade da junta de freguesia, aos poucos as gentes da terra voltavam a assumir os festejos cumprindo a tradição com todo o seu esplendor.
Como atrás eu referia, eram várias a vezes que para cá me deslocava. Então, quer no dia de Páscoa e no Dia de Santo Ovídio, não havia justificação para estar ausente. Eu, por motivos familiares, mas tanta gente que acorria a Sobrão, vendo o compasso a passar, com foguetório e música no acompanhamento das cruzes, dando ao local um prestígio verdadeiramente auspicioso e deslumbrante.
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Do programa da Festa, era sabido a atuação dos melhores Ranchos Folclóricos e a arte pirotécnica dos “ferreirinhos”, julgo eu, e sempre uma bravíssima vaca de fogo, não esquecendo como ato religioso, a santa Eucaristia com sermão, a procissão e atuação da Banda de Música que muitas vezes se prolongava para a noite, terminando com uma espetacular sessão de fogo de artifício.
Tive a alegria e a honra de juntamente com mais três amigos e depois com a preciosa ajuda de mais quatro, perfazermos uma Comissão de Festas e que em 2 anos a levamos a efeito.
No primeiro ano, devido ao COVID 19 e à drástica impossibilidade de realizar um programa digno da sua história, não deixamos, contudo, de evocar a data numa oração solene de vésperas e ato religioso eucarístico sequente.
No ano imediato, levamos a efeito um programa que tendo sido outrora devidamente exposto, não vou repetir a sua justificada qualificação. Apenas referir que nos deixou fatigados sem dúvida, mas com a certeza de que conseguimos implantar a alegria justificada pela forma inegavelmente educada e até por vezes comovente como as pessoas se nos ofereciam as suas dádivas.
Estes dias e estamos a 10 (dez) meses da Festa de Santo Ovídio, observei um movimento fora do normal ali para a zona do adro. O que estava a acontecer? Um grupo de jovens e menos jovens reunidos como que em apoteose, resplandecendo de alegria e entusiasmo a preparar os primeiros passos para as Festas fazendo novamente renascer das cinzas com devoção e cidadania o reencontro com a arte de em estar, onde a cultura, a vida, a alegria, a paz, a generosidade, a paixão e o amor pela terra pode fazer coisas admiráveis e dignas de serem aplaudidas.
Vou agora dedicar a minha reflexão ao nível do estritamente profano, algo que está por aí a proliferar, mas em que eu estou em absoluto desacordo. Mas para não verter nódoa em pano de linho, vou deixar como conclusão deste tema, para a próxima edição.
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