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Gazeta Paços de Ferreira

24/11/2022, 0:00 h

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Enraizar

Educação Destaque

Mas, indo a uma questão que me preocupa: o que será das escolas, principalmente dos alunos e professores, se se mantém ou agrava esta desmotivação e descontentamento?

Descontentamento dos docentes

Durante o mês de novembro já houve duas greves de professores e várias foram as escolas fechadas por esse país fora. Realmente há um descontentamento entre a classe docente e num outro artigo já referi que as condições de trabalho têm ido piorando ao longo dos anos, seja no que se refere à instabilidade das colocações, seja no que aos vencimentos diz respeito. Posso dar o meu exemplo no que se relaciona com o vencimento: em 2010 recebia mensalmente mais ou menos o mesmo valor. Passaram-se 12 anos e o custo de vida mudou drasticamente.

 

Cansaço, desmotivação…atirar de culpas

Mas, sem me focar nesses aspetos, de um modo geral o ambiente nas escolas tem tido um declínio algo assustador. Quem vai convivendo com professores, sabe que é com frequência que fazem desabafos de cansaço ou desmotivação: a burocracia é imensa, é só projetos e projetinhos; os alunos estão desmotivados e não querem saber da escola, os pais não acompanham o percurso escolar dos alunos e não apoiam…. Parecemos um muro das lamentações!

Se ouvirmos o lado dos pais, lá vem também, regra geral, outro muro de lamentações: os professores não querem saber, carregam-nos de trabalhos, não ajudam nas dificuldades e estão lá a ganhar o deles; não são compreensivos com as crianças e castigam por tudo e por nada. Quem são eles para castigar? Estão lá para ensinar, não para educar. Esta máxima de “a escola ensina e a família educa” não pode, no meu ponto de vista, ser tão levada à letra. Com o tempo que os miúdos passam na escola, é necessário que esta eduque, sim! É o local onde mais relações se estabelecem e onde se propicia o desenvolvimento de determinados valores.

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Onde vamos parar?

Mas, indo a uma questão que me preocupa: o que será das escolas, principalmente dos alunos e professores, se se mantém ou agrava esta desmotivação e descontentamento?

Não podemos continuar muito mais tempo nesta situação, pois o ensino sairá, inevitavelmente, prejudicado.

E é exatamente porque é preciso mudar de rumo que escolhi o título Enraizar.

 

É preciso Enraizar!

É urgente que os pais, e a comunidade em geral, colaborem e reconheçam a autoridade dos professores e lutem lado a lado com eles por melhores condições de trabalho.

Mas mais urgente ainda é que os professores recuperem a Escola como a sua segunda casa! Que recuperem o papel ativo, que fujam do papel de vítima! Que lutem e deem voz às suas opiniões! Que usem a autonomia que têm; as competências que a lei lhes dá de poderem contribuir diariamente ou através dos órgãos que integram para mudar! É urgente que se criem raízes às escolas, às comunidades onde trabalham. As escolas, por vezes, ficam entregues a quem não conhece o meio que as rodeia; a quem não tem qualquer ligação com a comunidade local. Temos que conhecer para intervir, senão corremos o risco de soltarmos mais umas teorias bacocas que ouvimos algures noutra escola, mas que não se enquadra na nossa. É urgente sairmos do papel de vítimas e pensarmos: vou contribuir para a mudança!

Rosário Rocha

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