25/12/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
Por Joaquim António Leal
Ainda bem que o Natal é uma época de paz, de harmonia e felicidade em todo o mundo. Por isso interrompem-se as disputas, dão-se as mãos, sentam-se à mesma mesa os desavindos. Os anjos entoam hinos ao Deus-Menino e os humanos distribuem promessas de felicidade. Os que guerreiam e matam na defesa dos perturbantes interesses de alguns suspiram pela paz. E os deslocados que anseiam regressar às suas origens, de dormirem sem medo de acordarem soterrados nos escombros da própria casa erguem as mãos ao seu Deus em súplicas dolorosas. E perguntam-se: onde estão os homens bíblicos da boa vontade?
Algures no tempo, prometeram-lhes mudanças, uma vida melhor, sem a opressão dos mais fracos pelos mais fortes, e o que sucedeu? No Afeganistão criaram e treinaram os talibãs para que combatessem os russos (apoiantes dum governo legítimo) e, depois, com o país fora de controlo, fugiram, deixando aquelas gentes (mulheres principalmente) entregues à bicharada.
No Iraque, havia armas químicas (afirmavam descaradamente), pelo que lançaram bombas, mataram os responsáveis governamentais. E agora vive-se no caos.
Com mais ou menos autoritarismo, na Síria sentia-se alguma harmonia entre os crentes das várias religiões e das não-religiões, sendo um destino turístico muito apreciado, quer pela segurança, quer pelos monumentos antiquíssimos que testemunham as origens da Humanidade. Mas o país tinha um defeito maior que a ditadura: petróleo. Então, financiaram os distúrbios, os grupos terroristas, e o governo acabou por sucumbir. São grupos talibãs e afins que dominam o poder na atualidade, e que prometem, prometem, mas já assistimos demasiadas vezes aos resultados disto. Mas há petróleo, e os poços que não se abriram à ganância dos países do costume, abrir-se-ão agora. Está tudo bem (dizem), retira-se o estatuto de terroristas aos talibãs e passam a ser todos Boa Gente.
É Natal, o Menino nasce em Belém. O Povo Escolhido eleva as mãos aos céus e espalha o terror na Palestina, assassina homens, mulheres e crianças, e ninguém decreta embargos, ninguém mexe um dedo, pois só a venda de armas e o petróleo interessam, as pessoas não.
É Natal, tempo de esperança. Os descontentes com os poderosos querem paz, um teto, um pouco de comida que lhes evite a desnutrição, mas oferecem-lhes espingardas, munições e ordens para matar. Porque há petróleo e armas que urge experimentar e vender. Porque para os donos do mundo a vida dos outros não vale um cêntimo, é uma simples estatística com que se joga, um algarismo numa conta sem hipótese de resolução.
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