Do Reconhecimento e Da Responsabilização

Assumir funções públicas ou associativas é um ato de serviço público. É tempo e disponibilidade que se tem que dispensar da vida familiar, pessoal e, muitas vezes, profissional. Todas as pessoas que, em algum momento das suas vidas, assumiram cargos públicos, sabem bem disso.

Reconhecendo a dedicação dos autarcas à causa pública, o Executivo Municipal liderado pelo Partido Socialista, homenageou, com justiça e mérito, todos os antigos Vereadores do Município de Paços de Ferreira, no passado dia 25 de Abril. Foi uma bela cerimónia, com um momento de relevo em que sobressaiu a brilhante intervenção do Dr. Aloísio Lobo, que discorreu, entre outras coisas, sobre a amizade na política, ao jeito de Aristóteles.

Esta atitude de reconhecer a dedicação à causa pública vem sendo uma marca do Partido Socialista, que já tinha reconhecido os antigos Presidentes de Junta e o antigo Presidente de Câmara, Dr. Fernando Vasconcelos, numa justa e emotiva homenagem. De notar que esta figura basilar do poder local e da transição democrática, apenas foi alvo de reconhecimento público pelo executivo liderado por Humberto Brito, numa reposição da justiça histórica.

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Contudo, nem todos os homenageados ou atores políticos aceitam ou mesmo compreendem, a verdadeira essência destes atos. Por isso, não é surpreendente a reação tida por antigos vereadores do PSD, e alguns ainda com funções nos órgãos concelhios do partido, que tentaram transformar a homenagem num ajuste de contas, com o objetivo de branquear as suas responsabilidades políticas no desastre que provocaram às contas municipais, na sua última década de governação.

Reconhecimento pelo serviço público não é equivalente a branquear a história e a desvalorizar a responsabilidade política nos atos realizados. Isso é o contrário da Responsabilização e todos os atores políticos estão sujeitos a ela. Apenas aqueles que se consideram maiores do que os cargos que ocuparam e do que as instituições que representaram, jamais entenderão isto. Esses desconhecem o significado da República, a Res Pública, e não são dignos da honra que é a gestão da “coisa pública” e dos destinos do povo, em sua representação.