06/03/2023, 19:00 h
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CULTURA
Devolvam os Quadros da EBI da Maia
Recentemente, uma professora da escola onde leciono há quase vinte anos, sentindo-se “desconfortável” com um conjunto de quadros expostos num pequeno espaço museológico, decidiu, tendenciosamente, exigir aos Responsáveis a retirada imediata do referido conjunto, com vista a proteger os alunos, os “cidadãos do amanhã”. Integram esse conjunto de retratos figuras históricas da vida política nacional como António de Oliveira Salazar ou Américo Tomás, mas também outros de amplitude regional, como é o caso do antigo Presidente do Governo Regional, Carlos César.
É legítimo que a senhora professora considere os quadros lesivos ou até perigosos para a formação dos seus alunos. Concordemos ou não com ela, ter a sua opinião é um direito que lhe assiste. Todavia, o que já não me parece aceitável é que, facciosamente, exija a sua retirada do espaço onde se encontrava inserido todo o conjunto. Neste caso, o contexto onde se inserem os retratos vem apoiar amplamente a perceção e compreensão histórica das atuações exercidas pelas figuras retratadas. Nunca foi pretensão de algum professor da minha escola fazer (ou deixar de fazer) apologia das políticas levadas a efeito por estas figuras de Estado. Não nos compete tal tarefa. O que nos compete é dar a conhecer a história, mostrá-la, esclarecê-la sem enviesamentos por onde possam medrar possíveis conveniências políticas ou falaciosas suavizações da realidade.
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Ao contrário do que considera esta colega, eu creio que aos professores dignos desse nome compete-lhes muito mais a imparcialidade do que facciosismo. Julgo ser muito mais profícuo em termos de aprendizagem, desenvolvimento de personalidade e desenvolvimento do pensamento crítico a manutenção de tais figuras, enquadradas no seu devido espaço museológico, onde os alunos os possam observar, devidamente acompanhados pelos seus docentes, responsáveis pela passagem correta de informação histórica de valor reconhecido.
Sobre a tomada de posição pelos responsáveis da Tutela, nomeadamente pelo Senhor Diretor Regional Rui Espínola, dizer apenas que a lamento profundamente, confessando a minha perplexidade e vergonha pela postura adotada. Nunca pensei que na Escola da Maia algo assim pudesse acontecer. Sinto que toda a Instituição capitulou ante a ideologia de uma única senhora, que, infamemente, se move encavalitada numa qualquer agenda política, que em nada serve os propósitos mais sagrados da maior instituição da nossa sociedade: a Escola. Não deixa de ser curioso que o mesmo Governo que garante nas suas matrizes curriculares a importância das áreas e, para tal, investe milhares de euros em recursos humanos e horas letivas afetas à lecionação da História de Portugal e Cidadania, possa compactuar com estes absurdos oriundos de uma mente torcida e desprovida de espírito democrático. Creio que todos concordamos com esta questão.
Por este representar um ataque abjeto à liberdade e à Democracia que tanto prezo, espero, sinceramente, que se restituam ao espaço museológico da Escola da Maia os itens em falta, porque a Escola há de ser sempre maior do que as pretensões de um indivíduo apenas.
Telmo R. Nunes
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