01/02/2025, 0:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
Por Filipe Rodrigues Fonseca (Engenheiro Informático e Militante do Livre)
Esta semana, o TikTok foi banido nos Estados Unidos da América por ser considerado um risco para a segurança interna do país. Segundo o Congresso americano, o TikTok é capaz de guardar informações sensíveis (como mensagens e localização) de milhões de utilizadores, o que representa uma ameaça à privacidade da população. Para além disso, foi também considerado que a plataforma digital conseguia influenciar, de forma encoberta, as posições políticas dos seus utilizadores e consequentemente afetar eleições. No entanto, a China não é o único país a aproveitar dados de cidadãos estrangeiros.
A Apple pagou recentemente 95 milhões de dólares após ser acusada de ouvir, sem consentimento, conversas dos seus utilizadores e guardar as mesmas. Conversas relacionadas com interesses em produtos, problemas de saúde ou momentos íntimos entre casais foram transformados em dados sobre os utilizadores. Estes dados foram, alegadamente, vendidos a anunciantes e utilizados para apresentar publicidades detalhadas a cada utilizador.
A rede social X, liderada por Elon Musk, foi uma das principais promotoras do Partido Republicano nestas últimas eleições. Aliás, não só conteúdo pró-republicano foi forçado nos utilizadores, como o seu dono contribuiu de forma pública para a campanha de Trump. Para além do X, múltiplas plataformas digitais o fazem diariamente sem serem banidas.
A verdadeira razão para a proibição do TikTok é a sua origem: a China. Mas se afetar inadvertidamente as posições políticas de outros países é incorreto, então a interferência de Elon Musk nas próximas eleições alemãs seria igualmente incorreta. Musk utiliza diariamente a sua rede social e os dados recolhidos pela mesma para manipular a posição política de milhões de pessoas. O apoio veemente à AfD, com a utilização do X como meio de propagação de informação, é irónico vindo de um país que pretende banir o TikTok pela mesma razão. Assim, os EUA acabam por fazer o seu habitual: pregar uma ideia que não executam eles próprios.
A verdade é que todas as aplicações que recolham dados predatórios dos utilizadores são perigosas para os mesmos. A intrusiva obtenção de dados através de cookies, e manipulação do algoritmo para extremar utilizadores, obriga a UE a dar atenção extra a todas as redes sociais para garantir a segurança da população.
Bloquear o TikTok não demonstra o interesse na defesa dos dados pessoais da população, mas sim o cinismo dos americanos em quererem ser os únicos com o monopólio dos dados internacionais.
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