Por
Gazeta Paços de Ferreira

06/04/2025, 0:00 h

602

BOLHA CULTURAL

Freamunde Manuel Maia Opinião Paços de Ferreira

OPINIÃO

"O que distingue Freamunde das outras Freguesias, incluindo Paços de Ferreira, é a estrutura e interacção."

Por Manuel Maia

 

“O problema de muitas Terras é haver pessoas culturalmente analfabetas com acesso ao Poder.

Freamunde, sabe isso…”

 

Foi assim que terminei meu último artigo. Com reticências. Três pontinhos (como nos ensinaram na primária). Mas esta série de três pontinhos (…) tem um significado gramatical. Significa que eu queria acrescentar mais qualquer coisa, mas, voluntaria e propositadamente, omiti o que pretendia dizer, deixando a interpretação ao livre arbítrio da inteligência de cada leitor.

 

Hoje apetece-me concluir o que pretendia dizer com essas reticências.

 

Na altura não expressei completamente meu pensamento. Apenas fiz perceber o que não quis dizer expressamente. Ora vamos lá então clarificar melhor o que me passou pela mente, quando redigi esse texto.

 

Quando falo em Terras, obviamente que me estou a referir a Aldeias, Freguesias, Concelhos, Cidades, Países…

 

Pois bem, Freamunde é uma Terra Culta. Paços de Ferreira não é! Percebem, agora, porque omiti estas últimas palavras no meu último artigo?

 

Este “fenómeno” (vamos lhe chamar assim) tem muito a ver com os habitantes da sua Terra. Aliás, não tem muito, tem tudo! Ele só é perceptível quando analisado à distância. E à distância o que é que se nota?

 

Nota-se que as pessoas, que habitam as freguesias de Paços, vivem como se de uma simples multidão ou aglomerado de gente se tratasse: pouca comunicação, muito isolamento, seguindo cada um seu destino.

 

 

 

 

Ao passo que em Freamunde a coisa funciona de forma diferente: há comunicação, unidade na pluralidade, ou “sentimento de nós”, Cooley, Enfim, Freamunde funciona como um grupo, uma unidade colectiva, unidade de fins a atingir (objectivos comuns) e de meios a utilizar para a concretização desses fins. Trata-se, pois, de uma sociedade bem estruturada, onde a interacção entre os seus elementos é visível a olho nu.

 

Portanto o que distingue Freamunde das outras Freguesias, incluindo Paços de Ferreira, é a estrutura e interacção.

 

Quem diz estrutura, diz organização. E ainda que esta, a priori, não salte à vista dos menos atentos, ela está bem implícita no modus vivendi dos freamundenses.

 

Aqui, não é preciso falar em chefias, normas ou padrões e, muito menos, em papeis a desempenhar por cada um. Aqui é um por todos e todos em prol da sua Terra.

 

A interacção nota-se na influência recíproca entre os membros desta sociedade. Por isso é fácil a convivência entre pessoas de cores políticas muito diferentes, diria mesmo, cores adversas; porque para todos Freamunde está sempre em primeiro lugar.

 

Eis o motivo pelo qual eu nutro por esta gente um sentimento de amor/ódio. Sentimento que nos empurra para o campo da esquizofrenia. Não cabe aqui e agora desenvolver este tipo de sentimento. Mas fá-lo-ei se e quando vier a propósito. Antes que me julguem mal deixem-me que vos diga: admiro muito o povo de Freamunde.

 

E que é que tudo isto tem a ver com a BOLHA CULTURAL; bolha que eu preconizo essencial, para a sede do nosso Concelho, Paços de Ferreira; bolha capaz de enfrentar a ancestral “organização civilizacional” de Freamunde?!

 

Se virmos nesta empola apenas ar e vento, não vemos nada, nem vamos a lado nenhum! Agora se a virmos recheada de substrato ou sustância (falando à minhoto), onde os interesses do desenvolvimento falem mais alto do que os interesses do crescimento: Cultura vs Economia, aí, sim, somos capazes de ver muito mais para além das palavras!

 

Releiam meu artigo anterior sobre AEJAVAS. E pensem nisso!

 

 

ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA

Opinião

Opinião

Cascas de banana…

17/08/2025

Opinião

De tostão em tostão… se alcança o milhão ou a dimensão colectiva dos direitos do consumidor

13/08/2025

Opinião

A Bolsa de Valores

11/08/2025

Opinião

Gastroparésia: Quando o estômago perde o ritmo

10/08/2025