16/02/2024, 0:00 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
COMENTÁRIO EDUCAÇÂO
Também eu sou mãe e sempre gostei de poder assistir a algumas atividades escolares dos meus filhos. Sabemos que, para qualquer pai, um simples gingar de ancas dos nossos mais que tudo nos deixa babados. São os nossos artistas principais, sem dúvida.
Atividades abertas
Já realizamos a feirinha de Outono, em novembro, e fizemo-la em horário letivo para permitir o envolvimento de todas as crianças e o aproveitamento pedagógico. Assim, foi possível que os alunos organizassem os produtos em bancas e os vendessem, criando situações de aprendizagens reais e contextualizadas.
Realizamos a Ceia de Natal, à noite, que permitiu que vivêssemos o espírito natalício em comunidade escolar, incluindo também os pais e os irmãos dos alunos.
Na passada sexta-feira tivemos o nosso baile de Carnaval. Foi realizado também à noite, após o jantar.
Horário das Atividades
Se as atividades são pensadas para que os pais possam assistir ou participar, temos o cuidado de as marcar sempre em horário pós laboral, ou seja, à noite. Isso implica que professores e funcionários trabalhem também fora do seu horário, deixando as suas famílias, para poderem beneficiar as famílias dos seus alunos.
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Ora, quando realizamos a feirinha em horário letivo, muitos pais que trabalham fizeram um esforço enorme, alguns dos quais abdicaram da hora de almoço para poderem participar um pouco na feira. A comunidade local, avós e vizinhos, também foram. Houve famílias que não se fizeram representar por ninguém, o que entristece as crianças.
Na Ceia de Natal tivemos menos de metade dos alunos a participar.
As duas atividades anteriores acabavam por poder envolver alguns custos para as famílias e até podíamos pensar que fosse esse o motivo para a não adesão total das famílias.
Mas na sexta-feira, no baile de Carnaval, não havia nenhum custo associado. O previsto era simplesmente participar no baile, assistindo às danças entusiasticamente ensaiadas pelos filhos. E a adesão? Não foi má, 66% dos alunos, ou seja, dois terços. Mas e os outros alunos? Se pensarmos que em cada 90 alunos, 30 não participaram, o número já é significativo. Claro que a participação das turmas não é igual, houve turmas em que participou quase a totalidade, e outras cerca de metade, como foi o caso da minha turma.
Mudança de paradigma
Porque tenho falado tanto na educação parental, e porque puxo este assunto?
Ora, porque estamos a evoluir numa direção estranha. Toda a gente me conhece pela minha euforia relativamente a atividades que envolvam as famílias. Normalmente estou na organização dessas atividades na minha escola. Mas começam a ocorrer fenómenos estranhos.
Cada vez mais há pais a discordar das atividades fora do horário letivo. Ainda este baile de Carnaval criou bastante celeuma nalguns pais que tiveram a “coragem” de dizer que não concordavam. Para eles as atividades devem ser durante o dia, enquanto os miúdos estão com os professores. Onde já se viu terem que ir à noite à escola? (Não os miúdos, os pais…)
Posso dizer que alguns dos que reclamaram, até foram, pois a insistência e vontade dos filhos acabou por pesar mais.
Outros, não reclamaram, mas simplesmente ignoraram e não apareceram. Mesmo que os filhos tivessem vontade…
Posso dizer que o pavilhão estava cheio. Havia alunos com a família alargada lá, com tios, avós e até vizinhos “babados”. Claro que esse aspeto é o que se deve destacar. O lado das crianças que têm uma rede familiar e social forte.
Mas o levantar desta questão serve para que consigamos refletir sobre o que está a acontecer. O que está a acontecer, na realidade, é que a vida escolar dos filhos, o envolvimento de algumas famílias na vida da escola, o sentido de pertença está-se a perder. Enfiam-se os miúdos na escola o máximo de tempo possível (alguns estão lá das 7h30 às 19h30) e espera-se que a partir daí ninguém os chateie com problemas escolares. Sim, porque todos temos que ter tempo para nós (ginásio, café…).
Para onde caminhamos nós? Esta é uma pergunta que me faço constantemente.
E vou referir uma expressão que uso tantas vezes, infelizmente, mas sem a completar: “Muito bons são os miúdos…”
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