20/04/2025, 0:00 h
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OPINIÃO
Por Joaquim António Leal
Desde que a Covid-19 se foi embora, ou melhor, que estacionou algures fora dos holofotes da comunicação social, a vida por cá tem sido uma pasmaceira. O que nos vale é que, de vez em quando, alguém decide acordar a História e fazer acontecer algo interessante, coisas de que nos falaram, mas a que nunca assistimos de perto.
O caso presente começou com a invasão da Ucrânia pela Rússia, o que, à boa maneira da Santa Inquisição, desculpou os governos europeus para decretarem a proibição de usarmos as nossas cabeças, impondo silêncio absoluto a todos os raciocínios, que não rotulassem a Rússia de “bicho papão”.
E não foi nada difícil convencer os portugueses, pois até a Nossa Senhora de Fátima pediu aos pastorinhos para rezarem pela conversão dos russos, o que, até agora, ainda não aconteceu.
Estava a coisa mais ou menos bem encaminhada, com Zelensky, todo pomposo, prestes a declarar o fim da Rússia por lhe terem dizimado mais de metade da população, quando apareceu Trump – última esperança das democracias mundiais – a estragar a festa, a dizer que não, que a guerra estava perdida e que a Zelensky não restava senão a rendição.
Foi a loucura, e teria sido bem pior, se não fossem os nossos Afonsos Henriques, os Nunos Álvares Pereiras, ou, com nomes e caras novas, os Costas, as Leyens, os Scholz e os Macrons.
Em conjunto, enfiaram a cabeça num enorme capacete de brincar e desafiaram Putin, o monstro abominável dos Urais: “Ele que venha que até o comemos vivo”! E ele (coitado!), a tremer como varas verdes, tratou de disfarçar o pânico exigindo algumas condições para interromper a guerra.
Por estes dias, tocam os sinos a rebate, arma-se a Europa (Portugal incluído) com as mortíferas fisgas da nossa tradição juvenil. Mas – pasme-se! – vêm os fabricantes de armas dizer que matar pássaros não basta, que é necessário comprar armamento de última geração.
É claro que os dinheiros, que se iriam aplicar no combate à falta de casas, passam para segundo plano, ou para terceiro, ou para dia nenhum. E os pobres e remediados agradecem, pois, sem casa, poupam imenso em energia e outras consumições.
Bendita animação que chega com a azáfama do abastecimento de bens essenciais para levarmos para o abrigo, embora esvaziando-nos os bolsos. Já se vislumbra uma linda guerra, talvez mundial, e, com alguma sorte, ainda vamos assistir, em direto, à explosão de uma bomba nuclear e à aflição dos que tiveram o azar de não levar com ela em cima e morrerem no mesmo instante.
“Mas que venham elas, que nós, portugueses, até as engolimos sem mastigar”.
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