16/03/2023, 0:00 h
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EDITORIAL
O preço dos bens alimentares é mais um motivo de descontentamento, que grassa, atualmente, motivando, mesmo, aberturas de noticiários televisivos.
Importa, por isso, tentarmos perceber as suas causas, de modo a, eventualmente, se exigir ao Governo a tomada de medidas, que lhe ponham termo.
O nível geral de inflação, durante o ano de 2022, foi de 7,8%.
Entretanto, verifica-se, por dados oficiais, que a inflação em produtos alimentares, em 18 de janeiro de 2023, se situava em 19,9% para os bens alimentares e bebidas não alcoólicas; 12,2% para os alimentos não transformados e de 11,2% para restaurantes e hotéis.
A DECO informou também que o cabaz de alimentos essenciais aumentou, de março de 2022 para março 2023, em 25,66%, passando de um custo de 183,64 euros para 230,76 euros.
Entretanto, os salários não aumentaram em igual medida durante este período. Na função pública tiveram um aumento de 0,9% (perda de 6,9% perante o valor da inflação) e o aumento médio dos salários (abrangendo o setor privado foi de 3,6%), portanto com uma perda efetiva de 4,2 % (7,8%-3,6%=4,2%).
(É certo que esta perda não foi para todos, já que os gestores e cargos de topo tiveram aumento de salário nominal de 9,6%, tendo, assim, um ganho (“mísero”) de 1,8%.)
Entretanto, demos uma olhadela para o outro lado do balcão.
E o que vemos?
Para já – que os números totais virão daqui a tempos – a SONAE já apresentou, até setembro de 2022, um aumento dos lucros em 33%, enquanto o seu concorrente (?) Pingo Doce se vai ainda contentando com um aumento mais “pequenino” – só 29,3%.
Pergunta que se impõe: a que se deve esta subida de preços de venda ao consumidor, a níveis superiores aos da inflação média, ao mesmo tempo, que sobem os lucros das empresas de distribuição alimentar?
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Dizem eles que foram os custos da cadeia de produção.
Mas talvez não seja assim.
Com efeito, os preços da energia estabilizaram; os dos combustíveis regressaram a níveis anteriores à guerra; os dos fertilizantes reduziram muito no verão de 2022 e os custos médios com os trabalhadores situaram-se nos 3,6%.
Assim, o INE a desmente, já que aponta que a produção dos bens de consumo aumentou apenas 12,5%, portanto um valor muito inferior aos valores de 19,9% e 25,66%, acima apontados para os aumentos dos preços de venda dos bens alimentares.
E aqui estamos no velho princípio dos vasos comunicantes – a água sai de um lado e segue para o outro.
Neste caso, os consumidores pagam mais para que as grandes empresas de distribuição – que fixam os preços - lucrem mais.
(A bem do Deus lucro…sagrado e intocável)
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