19/04/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
Por Celina Pereira
OPINIÃO
Num canto silencioso do lar de idosos, está a Dona Maria, com seus 87 anos, ela observa a tarde pela janela. Os seus olhos, antes radiantes, carregam agora o peso da solidão e da tristeza. A saudade dos filhos, do aconchego do lar, a sensação de abandono, da sua autonomia de fazer o que queria, sem que tivesse de pedir autorização, ou então estar sujeita a um raspanete de qualquer um a quem foi entregue a sua sorte.
Nota-se a tristeza que carrega no seu coração, como uma nuvem escura que paira sobre ela.
Mas a sina da Dona Maria não é única. A cada dia, milhares de idosos são enviados para lares, muitas vezes contra a sua vontade, porque os filhos não têm tempo, ou perderam a paciência para cuidar de quem os cuidou com tanto amor e tanto sacrifício, e são condenados a uma vida solitária, sem o afeto e o carinho que tanto precisam.
A solidão é como um vírus naqueles corredores frios e impessoais dos lares de idosos. A ausência de contato humano, de conversas alegres, de abraços calorosos, tira-lhes a alegria de viver e contribui para o declínio da saúde física e mental.
É como se, ao entrarem no lar, os idosos perdessem o direito ao respeito, à atenção e ao amor. As pessoas na sua vida agitada, esquecem-se daqueles que tanto lutaram e construíram o mundo em que vivemos hoje, esquecem aqueles que muitas vezes tiraram o bocado de pão da sua boca para que nada faltasse aos seus queridos filhos, e agora têm este triste fim.
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É preciso que se olhe para os lares de idosos com compaixão e responsabilidade. É preciso humanizar os lares, torna-los ambientes acolhedores, onde o afeto, o respeito e a atenção individualizada sejam a base do cuidado.
É fundamental investir na formação de profissionais que estejam aptos a lidar com as necessidades específicas dos idosos, que compreendam a importância do toque humano, da palavra amiga, do sorriso sincero.
Acima de tudo, é necessário que a sociedade desperte para a realidade cruel, que muitos idosos enfrentam ao serem enviados para lares. É preciso que cada um de nós assuma a responsabilidade de cuidar daqueles que tanto nos ensinaram e que tanto nos amaram.
Que a história da Dona Maria, e de tantos outros idosos, sirva como um grito de alerta, um chamado à ação, para que possamos construir um futuro mais digno e humano para aqueles que tanto merecem: nossos queridos velhinhos.
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