24/11/2024, 0:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
Por Fernando Machado (Presidente da Juventude Socialista de Paços de Ferreira)
A recente eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos marca um ponto de inflexão significativo na política global. A sua vitória, surpreendente para muitos analistas, levanta preocupações sobre os potenciais impactos para o mundo, especialmente para a Europa e para os conflitos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente.
A vitória de Trump pode ser atribuída a vários fatores. Em primeiro lugar, a decisão tardia do Partido Democrata em nomear Kamala Harris como candidata presidencial, após a retirada de Joe Biden em julho de 2024, deixou pouco tempo, por um lado, para umas eleições primárias devidamente estruturadas e, por outro, para uma campanha eficaz.
Além disso, Harris enfrentou dificuldades em conectar-se com o eleitorado dito “comum”, especialmente em estados-chave. A sua campanha não conseguiu mobilizar suficientemente os eleitores das áreas rurais e suburbanas, onde Trump ampliou a sua base de apoio. A frustração dos cidadãos com a inflação e a narrativa anti-imigração de Trump parece ter proliferado, contribuindo para a derrota democrata.
A eleição de Trump suscita preocupações significativas a nível global. A sua abordagem "América Primeiro" e o ceticismo em relação a alianças tradicionais, como a NATO, podem enfraquecer a coesão ocidental.
Trump já expressou a intenção de reavaliar o propósito da NATO e condicionou o compromisso de defesa à contribuição financeira dos membros europeus. Esta postura pode deixar a Europa mais vulnerável a ameaças externas e obrigar os países europeus a aumentarem significativamente os seus gastos em defesa.
No domínio económico, a possibilidade de Trump implementar políticas protecionistas, como a imposição de tarifas sobre produtos europeus, pode desencadear uma guerra comercial transatlântica. Um estudo da London School of Economics estima que tais tarifas poderiam reduzir o PIB da União Europeia em 0,1%, afetando especialmente a Alemanha.
Ao nível das guerras, na Ucrânia, Trump tem afirmado que poderia negociar um acordo de paz rapidamente, possivelmente em 24 horas, embora sem fornecer detalhes específicos. No entanto, há receios de que a sua administração possa reduzir o apoio militar e económico à Ucrânia, pressionando Kiev a aceitar concessões territoriais à Rússia. Esta mudança de política poderia alterar significativamente o equilíbrio de poder na região e enfraquecer a posição da Ucrânia face à agressão russa.
Já no Médio Oriente, a postura de Trump em relação ao conflito israelo-palestiniano e ao Irão é motivo de apreensão. A sua forte aliança com Israel e a retórica agressiva contra o Irão podem intensificar as tensões na região. Especialistas temem que Trump possa adotar medidas drásticas contra o Irão, o que poderia ter consequências imprevisíveis e perigosas.
A eleição de Donald Trump em 2024 representa uma mudança potencialmente profunda na política internacional. Os seus planos de reavaliar alianças tradicionais, adotar políticas económicas protecionistas e alterar o apoio a conflitos internacionais levantam preocupações sobre a estabilidade global.
Esta reviravolta mundial pode servir como um alerta para a necessidade de diálogo, renovação democrática e fortalecimento das alianças que garantem a paz e a prosperidade globais. Enquanto houver vontade política e a determinação dos cidadãos em lutar por um futuro melhor, há sempre espaço para esperança e transformação positiva. Afinal, é nos momentos de maior incerteza que surgem as maiores oportunidades para a unidade e o progresso.
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