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Gazeta Paços de Ferreira

06/10/2023, 0:00 h

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“A minha alegre casinha, tão modesta quanto eu…..”

Opinião Celina Pereira

OPINIÃO

Mas isto de ser pobre e ter casa própria, perante a lei, parece que é um crime. Mesmo pagando os nossos impostos somos penalizados sempre seja por qual governo for.

Por Celina Pereira

OPINIÃO

 

 

Em 1998 realizei um sonho, o sonho de comprar a minha própria casa. Ainda em planta, foi o primeiro passo do meu sonho.

 

 

Em 2001, com recurso ao crédito bonificado, no dia dos meus anos, assinei a escritura da casa, que seria o meu lar, a melhor prenda de aniversário que poderia ter!

 

 

Porém, em 2005, a empresa, onde trabalhava teve dificuldades financeiras e viu-se obrigada a dispensar pessoal, e eu, como era das últimas pessoas a integrar os quadros da empresa, fui uma das dispensadas. E assim resolvi criar o meu próprio emprego, como trabalhadora independente.

 

 

Passado algum tempo, por ser trabalhadora independente, independentemente do montante que auferia, uma lei absurda tirou-me a bonificação.

 

 

Os meus rendimentos eram quase para as despesas, tinha meses que nem chegava, mas, para o Estado, eu já não precisava de bonificação, na condição de trabalhadora independente, a passar recibos verdes, eu já era considerada “rica”.

 

 

É certo que me obrigou a um maior esforço financeiro, mas retirando o menos necessário, mas mantendo a cabeça erguida, mantive a minha casa e todos os meses honrei o meu compromisso com o banco.

 

 

Esta não é só a minha história, mas a história de milhares de portugueses, que, tal como eu, quiseram ter a sua casa, que a todo o custo concretizaram o sonho de terem um espaço que chamavam de seu.

 

 

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Mas isto de ser pobre e ter casa própria, perante a lei, parece que é um crime. Mesmo pagando os nossos impostos somos penalizados sempre seja por qual governo for.

 

 

O que estamos a assistir, neste momento, é mais uma lei absurda que apoia o arrendamento, mas penaliza quem tem crédito à habitação.

 

 

Ao bonificar o arrendamento, pessoas que tinham a sua casa arrendada viram no vencimento, os contratos não ser renovados, porque as rendas ainda não satisfazem o senhorio. Então cessam os mesmos, obrigando as pessoas a sair, muitas até estão a ser obrigadas a voltar a casa dos pais, ou pais irem para casa dos filhos e, pelas notícias dos últimos dias, até viverem em tendas, porque os ordenados não são suficientes para pagar uma renda.

 

 

Com esta manobra, os proprietários podem fazer novos contratos, muitas vezes pelo dobro do preço.

 

 

Isto passa-se diariamente, mas ninguém vê, ou finge que não vê. E quem ganha com isso, sempre os mesmos, ainda têm a lata de dizer que, com o subsídio das rendas, esse dinheiro não vai sair do bolso do arrendatário, mas do Estado.

 

 

Por outro lado, quem tem crédito para a primeira habitação o governo ainda anuncia um programa fantástico, de baixar a prestação, mas que não é uma bonificação, mas que funciona como moratória a ser paga, com ou sem erro admitido pelo ministro, daqui por não sei quantos anos. É uma vergonha esta política economicista que mais parece um ilusionismo de um coelho tirado da cartola, nada mais sendo que gato escondido com rabo de fora.

 

 

É lamentável que a fava saia sempre à classe, que mais é penalizada pela lei, que trabalha, que paga os seus impostos, e esses impostos ainda ajudam a favorecer os grandes grupos do mercado imobiliário.

 

 

E assim, em vez de termos na porta de entrada uma “cata sonhos”, doravante podemos chamá-la de “mata sonhos”.

 

 

 

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